Aspirando o cotidiano pó do carpete, imaginou que a mancha de umidade proviesse de algum cano furado. Chamaria o encanador, tão logo terminasse a faxina. Em poucos minutos porém, um estreito riacho já percorria a sala. Extasiou-se observando a água crescer em volume. Logo, caudaloso rio dividia a casa em duas margens. As garças não tardaram em surgir, tampouco os peixes. Ao entardecer, preparativos findos, trancou portas e janelas. Armada com os apetrechos de acampar, inflou a canoa e partiu para a outra beira. Mergulhada no deleite da travessia, lembrou-se de que nada dissera à família. Pensou em retornar, mas, seu muro e o jardim já nem se vislumbravam no horizonte.
(Ludmila Saharovsky)
Lud de versos que são a minha canoa …
Aviso aos navegantes:
Quem chega à terceira margem, não quer mais retornar…
Beijos, amigo!