Amigos, há dificuldades que se transformam em descobertas.
Viajar de Rio Grande, onde resido, para Jacareí, onde moro, acaba sendo uma maratona de dois dias de locomoção. Rio Grande fica a 5 horas (vindo de ônibus) de Porto Alegre. O último coletivo sai ás 20 hs. e o primeiro às 6 da manhã. O único vôo da Azul, direto para SJcampos é às 6hs55, assim, a única alternativa de que disponho é chegar na véspera em Porto Alegre e aproveitar o que a cidade tem de descobertas para oferecer. E como tem coisa! Porto Alegre é cosmopolita, de arquitetura belíssima e povo muito hospitaleiro.
Para vocês terem uma idéia, eu, inadvertidamente, cheguei numa segunda feira, quando os espaços culturais estão fechados. Assim mesmo, arrisquei e, munida de minha “saboneteira”, como chamo minha máquina fotográfica, tomei o metrô e dirigi-me ao centro da cidade. O calor estava insuportável: 42 graus!
Eu estava ansiosa para conhecer o espaço cultural Mario Quintana, e para lá me dirigi. Caminhei, da última estação de metrô a pé, observando o burburinho da cidade.
Chegando ao antigo Hotel Magestic, onde Quintana viveu de 1968 a 1980, fui informada de que a maioria das exposições estaria fechada, por conta de ser uma segunda feira. Fazer o quê?
“Mas posso ao menos ir até o quarto onde viveu o poeta?”
“Sim! É só subir pela escadaria, ou elevador, até o andar.”
Admirar a intimidade do poeta, por trás da vidraça que protege o quarto das invasões dos fãs, já valeu a viagem, o calor, a canseira! Mario Quintana passou grande parte de sua vida vivendo em hotéis. No Magestic, no centro histórico de Porto Alegre, o poeta residiu até ser despejado, quando o jornal Correio do Povo encerrou temporariamente suas atividades, por problemas financeiros. Quintana, sem salário, deixou de pagar o aluguel do quarto. Na ocasião, o ex-jogador da seleção Paulo Roberto Falcão cedeu a ele um dos quartos do Hotel Royal, de sua propriedade. A uma amiga que achou pequeno o quarto, Quintana disse: “Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder as minhas coisas”
Essa mesma amiga, contratada para registrar em fotografia os oitenta anos de Quintana, conseguiu um apartamento no Porto Alegre Residence, um apart-hotel no centro de Porto Alegre, onde o poeta viveu até sua morte. Ao conhecer o espaço, ele se encantou: “Tem até cozinha!” espantou-se…
Mário Quintana não se casou nem tinha filhos.
Pois então poeta, lembrei-me de seu
POEMINHA DO CONTRA, agora que você tornou-se o passarinho que anelou ser:
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
(Mario Quintana)
Depois de permanecer por um bom tempo, imaginando o poeta em seu quarto, havia um outro espaço que eu queria muito visitar, no mesmo prédio, no mesmo andar: O acervo de Elis Regina. Estava trancado! Não tive dúvidas: dirigi-me até à sala da administração e expus o meu problema: “Venho de São Paulo para conhecer esta casa e, azar o meu! As exposições estão todas fechadas para o público!”
Para minha surpresa, a funcionária levantou-se, pegou uma chave, simplesmente, e me pediu que a seguisse. Abriu a porta, entregou-me a chave e disse: “É responsabilidade sua. Entregue em minhas mãos quando sair.”
Eu não acreditei! De repente, por algumas horas, tinha o acervo de Elis Regina só pra mim, e me tornei a guardiã daquele espaço mágico! Só mesmo a fidalguia gaúcha pode explicar esse episódio! Agradecer foi pouco!
Fotos tiradas, documentos lidos, músicas ouvidas, entreguei a chave com meus agradecimentos à administradora do espaço e prossegui na exploração do prédio, maravilhoso, com seus cafés, bibliotecas, livrarias, teatro, auditórios, jardins internos e externos, loja de souvenires, exposições de artes plásticas e tudo o que minha alma pode usufruir. Voltarei com certeza, e em breve, para tomar um café no mezanino do último andar, que estava fechado, com a vista para o maravilhoso Rio Guaíba!
Mario Quintana, me aguarde! (Ludmila Saharovsky)
Depois de explorar todos os espaços possíveis, no Centro de Cultura, instalei-me na simpática cafeteria do andar térreo e busquei informações, enquanto matava a sede e me refazia do calor insuportável que estava fazendo. A dona da cafeteria me informou que eu não poderia deixar de visitar o centro histórico, com sua Catedral Metropolitana, o Secular Mercado Público, que tomava todo um quarteirão e e nem o Centro Cultural da Usina do Gasômetro, que, infelizmente também não abria às segundas feiras…e lá fui eu.. As fotos falarão por mim!
Aqui eu voltarei, com certeza! Só não pode ser numa segunda feira…
E agora 0 MARAVILHOSO Mercado Público Municipal, construído em 1858 em estilo neoclássico. onde terminei o dia tomando um delicioso açaí na tijela e observando a paisagem que se estendia à minha volta. Minha imagem vai bem borradinha, mas é a única que tenho para provar que estive aí…
E agora esta foto que peguei desse link, para que vocês tenham uma idéia da magnitude dessa arquitetura:
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=537310
Bom…por hoje é só! Espero que vocês tenham aproveitado comigo esse breve passeio por Porto Alegre!
Um beijo a todas as pessoas queridas que me seguem por este site!
(Ludmila Saharovsky)
Adorei as fotos e o texto.
Obrigada por essa viagem virtual.
bjs
Alice
Mulher andeja, que delícia!
Beijos
Sônia
Só? Esse passeio foi tudo!!!
Vá, que daqui vamos te acompanhando!
Bjs!!!
Dinamara
Uaaaaaaaaau que bárbaro Lud!!!! Deu a maior vontade de conhecer.
Obrigado pelo presente!
Bjs
Adorei amiga!!!
Conheço o mercado…admiro a arquitetura do lugar e o vai e vem de pessoas…a vida em movimento.
Mas ainda não conheço a casa de cultura Mário Quintana e o acervo de Elis Regina.
Certamente irei conhecer.
Parabéns! As fotos estão lindas!!!
Beijo!!! Leda