Contos Mínimos: Caixa de Pandora


Todos os objetos daquela casa tinham uma historia, que ela não se cansava de ouvir, extasiada. Os ícones, de Pskov, narravam os inúmeros casamentos, batizados e enterros celebrados na família. O samovar, feito em Tulla, descrevia os invernos rigorosos regados a chá e novidades; as cartas, tantas, diziam das saudades geradas pelas separações inesperadas; as fotos expunham sua genealogia; os tapetes, rotos, as inúmeras viagens pelos continentes, embalando sonhos. Mas, um tímido frasco, descoberto na gavetinha secreta do móvel entalhado em madeira antiga, guardava sua historia hermeticamente fechado. Levou dias para destampá-lo, sem danificar a delicada rolha. E quando o abriu…a dor represada fê-la verter tantas lágrimas que, rapidamente cerrou o frasco, sem forças para vivenciar aquele enredo.
(Ludmila)

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    8 pensamentos sobre “Contos Mínimos: Caixa de Pandora

    1. A introdutora dos males mas também da força, da dignidade e da beleza, e a partir da abertura da sua caixa o ser humano não pode melhorar a sua condição sem enfrentar adversidades. Pega a Esperança….Amei

    2. Jussara, tão bom saber de você e ler seus comentários! Obrigada por encontrar tempo para me fazer uma visita, você, dona de tantos blogs maravilhosos! Beijos!

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