Há milhares de anos, desde que as tribos guerreiras indo-europeias, que cultuavam os deuses celestes/solares, subjugaram os povos pacíficos que cultuavam as deusas terrestres/lunares na velha Europa, o patriarcado imposto vem anulando, dominando, denegrindo e subjugando tudo que é considerado feminino.
A Deusa Mãe, adorada num período histórico em que a ciência, a religião e a moral ocupavam a mesma esfera de importância, localiza-se numa época em que os seres humanos sentiam-se parte da natureza e recorriam ao saber e à veneração das energias da Terra. Às mulheres cabia cuidar do fogo, das crianças – que pertenciam ao clã – preparar refeições, tecer vestimentas, criar utensílios, armazenar água e grãos. Por conta dessas funções sociais, foram elas que estabeleceram a cultura e conduziram a humanidade da era dos caçadores/coletores para a sociedade agrícola. A prática de armazenar alimentos para o período de estio, ensinou-lhes os ciclos da vida vegetal: grãos guardados junto ao solo, brotavam e enraizavam, podendo, portanto, ser cultivados. Foram elas que descobriram as propriedades curativas das plantas e o preparo de poções e unguentos. Foram elas que, pela observação da lua e suas fases, perceberam que a magia do sangue e o tempo de gestação dos fetos que carregavam em si, ligavam-se intimamente a estes ciclos. Mas, como entender racionalmente estes fatos quando se desconhecia completamente o corpo humano? Acreditou-se, então, haver uma força mítica em ação, atuando apenas no corpo feminino, que refletia o poder da Deusa. E por isso, as mulheres passaram a ser reverenciadas. Em louvor à Divindade Feminina, construíram-se templos, não apenas no antigo território europeu – incluindo aí a França e a Espanha- mas, também, nos sítios sagrados ao sul da Inglaterra, para onde o culto foi levado por comerciantes, que viajavam da Espanha para a Bretanha, por volta de 2000 anos A.C. Em algum ponto entre 600 e 500 A.C., os celtas invadiram a Gália e, sob a liderança religiosa dos druidas (conhecedores do carvalho) passaram a celebrar ritos em santuários nas florestas.
Com o advento da era cristã, tudo mudou. Os adoradores da Deusa foram perseguidos e condenados como pagãos, idólatras e feiticeiros e muitas interpretações errôneas passaram a ser feitas, por total desconhecimento e preconceito à antiga religião. As mulheres, além de serem consideradas impuras e responsabilizadas pelo pecado original, foram queimadas às centenas nas fogueiras da inquisição, sem direito a qualquer tipo de defesa.
O que precisamos, finalmente, compreender é que o papel social desempenhado pelas mulheres permitiu-lhes exercitar a observação, que engendrou associações e descobertas, estimulando de maneira própria a mente feminina – mais intuitiva – e propiciando o desenvolvimento de uma consciência diversificada que evoluiu por caminhos mentais diferentes da masculina, mais prática e centrada na ação imediata. Conhecer as diferenças que nos complementam, e resgatar o respeito pelo Sagrado Feminino que se deturpou propositadamente, servindo a interesses judaico cristãos nebulosos, não é só questão de eliminar uma injustiça milenar. Trata-se, principalmente, de restabelecer o equilíbrio tão necessário, para que as novas gerações de homens e mulheres caminhem juntos para um futuro de respeito mútuo e cooperação. Meditar sobre estes fatos, é a melhor forma de homenagear a todas as mulheres em seu dia.
(Ludmila Saharovsky)
(publicado no jornal Regional News, na coluna Tertius Millenium)
É por restabelecer esse equilíbrio, entre outras coisas, é que temos a nossa Roda de Mulheres de Jacareí, que tem como Mestra, a nossa Amada Ludmila!!
Te amo, mulher maravilhosa, tenha um feliz e abençoado dias das Mulheres.
Rita
Sheila Na Gig
Ô minha Ritoca querida! Que as nossas deusas nos amparem em sua Luz e Amor! Oito anos de Círculo juntas!Salve!
Eu sou um Círculo e vou te curar. Vc é um Círculo e vai me curar. Juntas somos UM!Beijos com amor!
Oi, Lud, minha queridíssima, lindo texto. Quero sempre fazer parte de sua história, de nossa história, da história que habita todas as deusas, que somos nós.Beijos.
Lu: voce bem sabe que todas as mulheres da minha vida – mas todas mesmo – sempre as considerei como deusas, apenas reverenciadas de formas diferentes.Excelente essa sua crônica!
Celso