Jacareí: Tempo e Memória

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Livros de pesquisa de historiadores, na maioria, jacareienses

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Digitalizando documentos e depoimentos

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Só quem tem por ofício a escrita, sabe a alegria que se sente, ao ver um livro tomando forma.
É uma gestação. De ideias, certo, mas creio que todos nascemos de uma ideia que se fez, primeiramente, verbo.
Reler livros de historiadores que nos iluminam o caminho das descobertas. Rever fotos de lugares que já não existem. Entrar nas memórias de pessoas que já se foram. Descobrir detalhes, sentimento, emoções, uma outra visão da história. E materializar, tudo isso, de novo, no papel, não tem preço.
Sou uma privilegiada e agradeço, diariamente, pela oportunidade de devolver à minha cidade, um pouco das lembranças que vão se esmaecendo na memória coletiva. Jacareí: Tempo e memória é um livro escrito a muitas mãos. É uma colcha de retalhos muito pessoais, que eu vou, apenas, arrematando.

Abaixo, trechos de recordações que comporão o livro:

“Jacareí, quando eu nasci, era assim. Calma, quieta, onde todos formavam uma só família, e onde, quando saíamos em grupo, brincávamos de enumerar um por um, os moradores daquela rua, daquelas casas queridas. O meu pai tinha uma farmácia, e neste terreno de sua casa, lá no fundo do quintal, está enterrado meu umbigo”.(Jarbas Porto de Mattos)

“Amigos, eu, como professor, quero deixar gravada aqui minha homenagem ao inesquecível Cônego José Bento, outra figura esquecida. Ele que foi um educador exemplar, criador do Colégio São Miguel, nas terras onde hoje está a fazenda Coleginho, e que depois de sua morte foi transferido para o Avareí. Hoje, por causa dele, temos a nossa Escola Profissional” (Décio Moreira)

“Eu me lembro muito bem de Dona Dionísia Zicarelli. Ela estudou piano com maestro Laudelino de Moraes. Ela, O Laudelino e dona Adelaide, sua esposa, fundaram a Escola de Música Santa Cecília. A Dionísia também tocou muito piano nas seções de cinema do Perretti e do Albano Máximo. Tinha gente que ia no cinema só para ouvir ela tocar. Acho que foi na década de 40 que ela criou a Orquestra Sinfônica de Jacareí. O Verano Câmara tocava violino. O Antonio Piovesan também. Era uma beleza a apresentação deles lá no Trianon. Ah, lembrei! A Noêmia Loureiro tocava piano…” (Odilon de Siqueira)

“Lá onde hoje é a estação de captação de água do SAAE, chamava-se “Bairro do Toco”.( hoje Jardim Liberdade) O rio ali, fazia uma ilha, bem no pasto do Coronel Antonio Ramos, onde tinha uma árvore enorme. Toda a molecada nadava no rio, naquele lugar, porque lá dava pé. A gente desconhecia o perigo! Precioso tempo…” (Domingos Válio)

“Lembro-me ainda, muito bem, de quando eu tinha 12 pra 13 anos, das brigas de zona com zona, que eram um horror. Nós fazíamos guerra com o pessoal dos outros bairros. Tinha a turma do Bairro do Riachuelo, da Matriz, do Largo do Rosário, da Estação e da Ponte. Então era um tal de uma turma desafiar outra, que não tinha jeito.Havia uma arvore que dava uma frutinha parecida com azeitona, que agente usava nos estilingues. Nós enchíamos os bolsos dessas frutinhas e partíamos pra briga. Usávamos também taquaras, paus e pedras. Nós marcávamos encontro para as brigas e a coisa ficava preta.” (Ubirajara Mercadante Loureiro, Seu Biroca)

“Naquela época usava-se encomendar muita coroa de biscuit para enviar aos defuntos. Elas eram compradas de fora, de viajantes que traziam as amostras e a gente encomendava. Elas iam enfeitadas com fitas roxas, as letras douradas para escrever e eu ajudava o titio a separar as letras para escrever as mensagens.
Ah! E também não se usava roupa comum para enterrar os defuntos. Precisava ser tudo novo. As senhoras eram enterradas com mortalhas. Compravam os panos na loja de vovô. Fazia-se uma camisola de baixo conforme a cor que se queria. Azul se fosse vestida de Nossa Senhora, por exemplo. Fazia-se aquele manto comprido que não podia ser costurado à máquina. Tinha que ser na mão. Eu ajudei a costurar muitos. Os homens iam enterrados de terno mesmo.” (Rafaela Mercadante)

E minha colcha de retalhos preciosos, segue… (Ludmila Saharovsky)

Ponte Preta

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Banco do Vale do Paraiba

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    3 pensamentos sobre “Jacareí: Tempo e Memória

    1. Querida Ludmila, que bom que você está escrevendo sobre a memória de Jacareí. Também sou ligada nesse assunto, tenho muitos jornais,livros (alguns fazem parte também da sua biblioteca) mas nada como os textos organizados num livro, e ainda mais com a sua maneira belíssima de escrever. Continue firme e parabéns! Quero um exemplar assim que for publicado.
      Abraço da Myriam

    2. Esse livro minha amiga será um marco histórico para Jacareí. Jacareí vai ficar feliz por saber tantas as histórias que ali aconteceram. Estou louca para saber mais dessa colcha linda de retalhos.
      Está uma paixão.
      Grande bjo e obrigada

      Marilena Masiero Paris

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