Teremok: Cabaninha
Havia no campo uma cabaninha, que não era grande nem miudinha.
Tinha telhado de cipó, cortininhas de filó, muitas flores no quintal, borboletas no varal.
Só não tinha moradores…
Todos os dias ela aguardava por alguém, dos arredores, que a viesse habitar.
Uma mosca curiosa, explorando o lugar, encontrou a cabaninha e falou: “Achei meu lar!”
Voou por todas as salas, explorou quartos, cozinha, e, quando ia se instalar, ouviu uma voz chamar:
“Oh de casa? Posso entrar?”
A Mosquinha Curiosa, perguntou: “Quem é você?”
“Eu sou a Ratinha Branquinha” Estou cansada, vizinha, posso entrar pra descansar?”
“Entre, entre, que a casa é sua, falou a Mosca Curiosa. Sou a dona desta pousada. Seja bem vinda Ratinha. É bom não estar sozinha. O que você sabe fazer?”
“Eu preparo um pão gostoso, com a farinha que trago na cesta! E tenho manteiga, geleia…Faremos uma bela festa!”
A Ratinha, animada, esqueceu toda a canseira e arrumou a casa inteira! Trouxe lenha pra lareira, trouxe água pra chaleira, preparou um belo jantar! Com a barriga cheinha, com a cabana quentinha, elas foram se deitar.
“Toc, toc, toc…bateram à porta!
“Oh de casa, posso entrar?”
“Quem bate na nossa portinha?” perguntou dona Ratinha
“Sou eu, a Sapinha Quaquinha. Posso saber quem é você?
“Somos duas nesta casa: Eu sou a Mosquinha Curiosa”. ” E eu a Ratinha Branquinha.”
“Pode entrar, a casa é sua…O que você sabe fazer?”
“Eu trago água do lago, posso regar as plantinhas, lavo, passo, lustro os móveis. Serei uma boa vizinha!”
E assim, passaram os dias, com as três sempre ocupadas: trabalhando, conversando, arrumando o jardim, até que uma bela tarde, ouviram um canto assim:
“Cocoricó, corococó…quem mora nesta casinha?”
Moro eu, dona Mosquinha, e eu também, dona Ratinha, e mais eu, dona Sapinha, e você, quem bate aí?”
“Eu sou o Galo Cantor. Eu moro sobre o telhado. Eu canto ao raiar o dia, eu canto ao me deitar. Vocês me deixam entrar?”
“Sou um grande lenhador, farei o serviço pesado e à noite distraio vocês com a minha cantoria. Minha voz é poderosa, eu vou acordá-las sempre, bem ao raiar o dia!”
“Pode entrar, a casa é sua! É bom ter um Galo Cantor e ainda trabalhador!”
Mais um dia se passou…
“Toc, toc, toc…Quem mora nesta casinha?”
“Moro eu, dona Mosquinha, e eu, a dona Ratinha. Eu também, dona Sapinha, e mais eu, o Galo Cantor. E você, que bate aí,podemos saber quem é?”
“Eu sou o Coelhinho Ligeiro. Eu não paro o dia inteiro!Sei plantar cenouras e nabos. Posso fazer sucos fresquinhos e também toco tambor: Bum, bum, bum…Posso morar com vocês?”
Seja bem vindo, Coelhinho. Entre já, a casa é sua…É bom ter novos vizinhos, dividir todo o serviço, tomar suco de cenoura esperando o sol se por!”
Toc, toc, toc…de novo, a porta…Quem será que bate agora?
“Eu sou o Porco Espinho. Posso entrar? Serei um excelente vizinho! Sei cortar lenha, fazer fogo, sei virar uma bolinha e limpar a horta todinha… Meus espinhos recolhem tudo. Não deixo uma sujeirinha…”
“Entre, entre, a casa é sua! Cinco é bom, seis é melhor! Agora a nossa cabana ficou bem apertadinha. Não cabe mais nenhum morador!”
E o tempo foi passando… bem feliz a bicharada dava conta do recado. A casa vivia limpinha, arrumada, cheirosinha… O pátio sempre varrido, o jardim sempre florido, a cerca firme e pintada.
Dona Mosca arrumava, Dona Ratinha cozinhava, A Sapinha regava a horta, o Coelhinho plantava, o Galinho cuidava da cerca, o Porco Espinho vigiava… Mas certa noite, o sossego foi quebrado, por fortes batidas na porta:
“Bum…bum…bum! Quem mora nesta casinha?”, ouviram uma voz rouca rugir do lado de lá!
Moramos a Dona Mosquinha, mais a Ratinha Branquinha,mais a Sapinha Quaquinha, O Coelhinho Ligeiro, O Porco Espinho e o Galo Cantor…E você, quem é?”
“Eu sou o Amigo Urso. Me deixem entrar…por favor! Estou com um sono danado…Vou tomar muito cuidado para não machucar ninguém!” É só uma noite, eu prometo…vou ficar muito quietinho, eu não ronco, não me reviro, pagarei vocês com mel que colhi pelo caminho, me deixem entrar…por favor!”
“Seu Urso, tenha paciência, veja só o seu tamanho! Não é má vontade nossa! Você não cabe, entenda! Essa nossa cabaninha não é nenhuma caverna, e depois, não há mais vagas! Não aceitamos ninguém! Boa noite e passe bem!”
O urso, inconformado, cocou a cabeça, o costado, e sem contar até três, resolveu subir no telhado. Dormiria bem quentinho, junto à chaminé e seu foguinho. Mas, mal colocou as patas e o telhado veio abaixo e com ele a casinha inteira…Não sobrou uma beirinha.
Amanheceu um novo dia, sem nenhuma cantoria. Os bichinhos, coitadinhos, estavam em estado de choque! A cabana derrubada, a horta toda amassada, a cerquinha por um fio…
“E agora, o que faremos? Foi-se a nossa cabaninha!” lamentavam todos eles, sem saber o que fazer…
“Me perdoem, meus amigos…”falou o Amigo Urso. Eu sou grande, eu sou forte, o que fiz, foi sem querer! Estava cansado, com sono, vi seu telhado fofinho e fui tirar um cochilinho. Não queria derrubar! Mas, não fiquem estressados: Eu quebrei! Vou consertar!”
Trabalhou o Amigo Urso, uma semana inteira. Serrou troncos, empilhou, fez janelas, nova cerca, arrumou o que podia, e, assim, uma cabana novinha surgiu bem alta e bem forte. Coube até o urso dentro, que hoje dorme, feliz, com os amigos na volta…e ninguém mais se importa!
(Adaptação do conto russo Teremok, feito por Ludmila Saharovsky)
Minha netinha Julia vai adorar !!! Obrigado Lud
Encantada com o que li…depois dessa deliciosa leitura, que sempre tenham borboletas no seu varal…e no meu também.!
Oi Ludmila,
Que viagem está o seu site, hem menina? Nossa! Entrei lá e quase não consegui sair mais… Parabens
Beijos
Milton
Muito bom Ludmila… pena não ter mais filhinhos e nem netinhos… são todos tão enormes!!! Beijo grande.
Obrigada pelo presente, adoramos!
Bjk
Dani
Enviado via iPad
Mas que conto mais gracinha !! Adorei !! Contarei para meus sobrinhos netos…Bjs.
Amei Ludmila , o conto e o poema .Estarei curtindo seu blog !