Gesto-te, sangue de meu sangue, meu poema
e teu canto me alcança quando o meu se cala.
É para dizer-te que eu existo.
És a raiz de todas as palavras que me faltam.
Eu te nomeio, apenas, para que me fecundes com o fogo de teu verbo.
Ele que consagra a noite com o mesmo dom velado com que sangra o dia.
Toco tuas palavras que me inspiram
e se transformam em pão em minha boca
e então…
Sento-me à mesa e te comungo
nessa liturgia da consagração
em que o poema se faz carne e me habita.
(Ludmila)