Á noite encontrei-me com o poema.
Ele dormia intocado no silêncio de minha língua
com suas palavras permeadas de metáforas,
antes de ser verbo e se fazer carne de minha carne
e habitar as entrelinhas da matéria.
Á noite encontrei-me com o poema. e antes que ele despertasse
e preenchesse de letras rebuscadas a minha boca, preenchesse de
água e fogo minhas entranhas e saísse feito dardo sonoro iludindo meus sentidos e dando vida a abstratos pensamentos, eu o sorvi, transformei-o em sopro, em alento, em suspiro, em saliva e o protegi de mim! Então a noite encheu-se de estrelas, a poesia surgiu das trevas e alimentou-se da calmaria do tempo, e expandiu-se livre, em seu calado e insondável mistério e habitou entre nós. (Ludmila)