Nos contos de fada russos, os mesmos personagens protagonizam inúmeras histórias diferentes.
Assim, Ivan Tsarevich (o filho caçula do Tzar, que parece sempre levar a pior, mas sai vencedor, em todas as histórias) Baba Yagá (a temida bruxa canibal, que, às vezes revela sua face mais piedosa) Koshey Besmertniy,(o terrível mago imortal, que reina nas profundezas e nos abismos) a bela Vassilissa, o imperador Berendéi, e muitas outras figuras mitológicas, estão sempre vivendo incríveis aventuras que encantaram e continuam encantando jovens de todas as idades.
Hoje, eu contarei a história da Princesa Rã, protagonizada também pela Vassilissa Formosa.
Já é sabido que, sempre, quem conta um conto, aumenta um ponto, assim, essa versão da história é a que eu aprendi, ouvindo os meus avós e que reconto aos meus netos. Vamos a ela!
Apresento-lhes Koshey Bezmertniy. Ele é um bruxo malvado, poderoso, ambicioso e imortal. Um de seus palácios fica nas profundezas de uma montanha praticamente inacessível, onde ele reina sentado sobre um trono de ouro. Aliás, ele tem o poder de transformar em ouro tudo o que deseja. Assim, ele imortaliza suas posses. Ele tem como aliados, os corvos medonhos, de olhar aguçado, que lhe trazem notícias do mundo dos vivos, e um dragão de três cabeças que guarda seus domínios.
Um belo dia, os corvos vieram contar ao Koshey, que numa casa perto da floresta morava uma moça de beleza invulgar. Seu nome era Vassilissa Formosa. E Koshey, imediatamente, desejou-a para si. Mandou um vento forte apanhar Vassilissa no jardim de sua casa e trazê-la para seu palácio. Quando Vassilissa chegou, Koshey apaixonou-se por ela e lhe propôs torná-la sua Rainha do Mundo Abissal.
“Nunca!” Respondeu Vassilissa! “Olhe para você! Olhe para seu reino. Aqui nada tem vida! Tudo é de ouro…os pássaros, as árvores, os lagos.”
“Então…Não são uma preciosidade? Respondeu Koshey. “ Tudo será seu, se aceitar tornar-se minha esposa!”
“Eu jamais aceitarei ser sua esposa! Nem por todo o ouro do mundo! Você é um velho repelente! Não se enxerga?”
Koshey, bufando de ódio, pois jamais fora contrariado, lançou um encanto sobre Vassilissa: “Vou transformá-la numa rã! Durante três anos e três dias você viverá num brejo, pensando sobre minha oferta! Quem sabe, depois desse tempo, mude de idéia!”
E assim fez! Vassilissa, transformada em rã, foi deixada num encharcado distante, onde sua vida era coaxar e comer insetos!
Não muito longe dali, ficavam as terras e o palácio do Tzar Berendéi e seus três filhos: três jovens mancebos, belos e obedientes. Certa manhã, o rei pediu aos filhos que viessem até ele, pois precisava ter uma séria conversa com todos.
“O tempo está passando, e eu já sinto falta de embalar meus netos em meu colo. Vocês estão crescidos o bastante para casar e me dar esses netos.”
“Mas pai, nem noivas nós temos ainda! Onde vamos conseguir moças suficientemente prendadas para serem suas noras?”
“Isso não é problema!”
“Aí estão três arcos com três flechas. Vocês peguem os arcos e atirem na direção que bem lhes aprouver. Onde a flecha de cada um cair, ali estarão as suas esposas.”
Os príncipes pegaram os arcos e as flechas e saíram para o campo.
A flecha do primeiro príncipe caiu na casa de um nobre boiardo, que tinha uma linda filha que foi levada ao Tzar.
A flecha do segundo caiu na propriedade de um rico mercador, e sua filha também foi levada à presença do Tzar.
E a flecha de Ivan Tsarevich, o príncipe caçula, perdeu-se em meio ao brejo, indo cair justamente ao lado da rã, que era Vassilissa, encantada por Kashey..
Quando Ivan viu o que havia acontecido…ficou desolado!
“E agora! Como vou levar uma rã para apresentar ao meu pai como minha futura esposa?” pensou em voz alta.
“Ivan Tsarevich”, disse a rã… “Não fique tão desapontado! Você precisa me levar ao palácio e me apresentar como sua noiva…não foi isso que prometeu ao seu pai?”
E o pobre príncipe, colocando a rã no bolso, votou ao palácio.
As bodas foram marcadas em meio a grandes festejos que duraram semanas! Os dois irmãos de Ivan desfilavam, todos garbosos, com suas lindas esposas à tira colo, enquanto o pobre caçula, esquivava-se entre os convidados com a sua rã sentada na palma da mão, sendo motivo de chacotas de todo os presentes! Que triste sina!
Passado algum tempo, o Tzar chamou os filhos e lhes disse:
“Quero saber qual de minhas noras é a melhor tecelã.” “Ordeno que elas teçam um tapete no decorrer desta noite, e amanhã cedo, vocês os tragam para mim!”
Correram os três filhos para as suas casas e passaram a ordem do Tzar às esposas. Elas, logo arregimentaram as melhores tecedeiras e bordadeiras do reino, que se puseram a trabalhar!
O pobre Ivan Tsarevich chegou em casa cabisbaixo!
“ O que te preocupa, meu marido?” perguntou a rã.
“Meu pai ordenou que suas noras lhe tecessem um tapete numa noite! Como uma rã poderá dar conta do pedido do Tzar?”
“Não se preocupe, meu marido! Deite-se e durma bem, que pela manhã, o tapete estará pronto.”
Enquanto Ivan dormia, Vassilissa recolheu a brisa da noite, na qual incrustou as estrelinhas com seu brilho, os passarinhos com suas canções, as árvores com seu farfalhar de folhas, a grama com seu tapete de orvalho, as nuvens de algodão e teceu um tapete tão lindo como jamais olhos humanos viram igual. Dobrou-o bem, colocou numa caixinha e foi dormir também.
Pela manhã, entregou a caixinha a Ivan e disse: “Aí está meu tapete, leve-o para o Tzar”.
Pela manhã, o rei já estava esperando pelos filhos.
“Bem…mostrem-me as artes de suas esposas!”
O tapete que o primeiro filho desenrolou, o Tsar mandou-o para cobrir o chão das estrebarias reais. O tapete do segundo filho mandou colocar na entrada do salão principal, para que os convidados nele limpassem os pés, e quando Ivan Tsarevich retirou da caixinha a delicada tapeçaria feita por sua esposa rã, todos quedaram-se maravilhados com a beleza de tal arte! O pai felicitou Ivan, e mandou que seus servos pendurassem o tapete na parede por trás de seu trono, no lugar de honra, de tal modo que pudesse ser apreciado por todos que por ali passassem!
“Hoje à noite vamos celebrar a escolha do melhor tapete” disse ele. “Tragam suas mulheres para o banquete real!”
“A minha também, paizinho?” perguntou Ivan.
“A sua principalmente, meu rapaz! Quero felicitá-la pessoalmente!”
Ivan, cabisbaixo, voltou novamente para sua casa.
“O que foi, meu marido? Seu pai não gostou de meu tapete?”
Pelo contrário, rãzinha…Gostou tanto que resolveu comemorar com um grande baile e quer que você compareça! Mas…como vou mostrá-la a todo o reino?”
“Ah, mas isso não é problema, marido! Só que você deverá ir ao baile na minha frente e, já vou lhe avisando:”
“Quando ouvir um estrondo, não se assuste! Diga apenas:”
“É a minha princesa rã chegando em sua carruagem… E deixe o resto por minha conta!”
E assim chegou a noite.
O palácio estava todo enfeitado para o baile. Os convidados chegavam de todo o reino, curiosos em saber o motivo daquela comemoração.
Os dois príncipes surgiram com suas esposas ricamente vestidas, e Ivan, sozinho, avisou a todos que sua esposa chegaria mais tarde, pois se atrasara nos preparativos para a festa.
“Vamos ver uma rã vestida de princesa….riam e comentavam entre si os convidados…”
Quando o banquete já ia pelo meio, ouviu-se um estrondo que deixou a todos assustados!
“Não se preocupem”, falou Ivan Tsarevich. “É apenas a minha princesa rã, vindo em sua carruagem…”
Para espanto de todos, ao abrir-se a porta, apareceu Vassilissa Prekrasnaia, maravilhosa, em todo o seu esplendor de princesa! Os cabelos ricamente trançados, o vestido ricamente bordado, os sapatos ricamente recobertos por pedras preciosas!
As pessoas não acreditavam no que viam, e o próprio Ivan Tsarevich ficou mudo de espanto!
“Desculpe o atraso, meu Tzar. Eu sou Vassilissa, sua nora, esposa de seu caçula Ivan Tsarevich.”
O Tzar derreteu-se diante de sua formosura e pediu-lhe que se sentasse a seu lado.
Todos os olhos, aquela noite, não conseguiam desgrudar-se da bela Vassilissa, que riu, comeu, conversou e dançou a noite inteira, encantando a todos os presentes.
Enquanto Vassilissa dançava, Ivan Tsarevich…
Lud amada!
estou simplesmente encantada com o conto……………. quero ler mais……….. quanto vai terminar?….demora?……..rsrs.
beijos
Ritoca
Esse conto é delicioso mesmo…mas é comprido…Logo publico a segunda parte…Me aguarde! Saudades de todas vocês, minhas queridas da Roda de Mulheres!
Ludi amada! Por favor continue logo que estou ansiosa. Sei que a mensagem deve ser ótima e estou louca pra ver o final.
Beijocas
Lili
O mundo mágico é sempre maravilhoso, mesmo que em doses homeopáticas rsss. Agora só me resta aguardar para saciar a curiosidade imensa sobre o final desse conto…
O bom contador de histórias sabe sempre que deve deixar o melhor para o final,e que é muito importante deixar os ouvintes na espectativa,e por fim,querendo mais…
Você conseguiu preencher todos estes critérios e eu a parabenizo profundamente, e saiba que eu sei muito bem como se conta uma história, afinal de contas,eu escrevo poemas, contos e até mesmo peças (embora eu não tenha terminado minha peça ainda).
Meus parabéns!
Obrigada por sua visita e seus generosos comentários.
Volte sempre!
Abraços!