Brasil : O maravilhoso extremo sul

Pedra Furada na vista do Morro da Igreja - Urubici -Santa Catarina foto de Jarbas Porto de Mattos

Pedra Furada na vista do Morro da Igreja – Urubici -Santa Catarina foto de Jarbas Porto de Mattos

Serra do Rio do Rastro em  Santa Catarina foto: Jarbas Porto de Mattos

Serra do Rio do Rastro em Santa Catarina foto: Jarbas Porto de Mattos


Cânion do Itaimbezinho em Cambará do Sul S.Catarina - foto de Jarbas Porto de Mattos

Cânion do Itaimbezinho em Cambará do Sul , RS – foto de Jarbas Porto de Mattos


Canion do Itaimbezinho - foto de Jarbas Porto de Mattos

Canion do Itaimbezinho – foto de Jarbas Porto de Mattos


 Observatório Campestre -Urubici-SC - foto de Jarbas Porto de Mattos


Observatório Campestre -Urubici-SC – foto de Jarbas Porto de Mattos


 Vista da Pousada Kiriri-etê - Urubici - SC. foto de Jarbas Porto de Mattos


Vista da Pousada Kiriri-etê – Urubici – SC. foto de Jarbas Porto de Mattos

Quando eu digo a vocês que estou apaixonada pelo extremo sul do Brasil, não exagero. Vocês sabiam que temos cânions fantásticos em Cambará do Sul (RS) na divisa entre os estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina? Pois aí estão as fotos, que não me deixam mentir! Aproveitem a paisagem e se ainda não estiveram por aqui, não sabem o que estão perdendo…
Itaimbezinho é o cânion mais famoso e também um dos mais belos da região. Suas paredes medem 5,8 km de extensão, 720 metros de profundidade e 600 metros de largura .O nome é de origem tupi-guarani e significa “ita=pedra” e “aimbé=cortada, afiada”, ou seja, pedra cortada ou pedra afiada. Ingressos: R$6 (por pessoa).Na parte alta, duas trilhas permitem visitar os principais atrativos do Itaimbezinho e do Parque Nacional de Aparados da Serra:
Trilha do Vértice: É a trilha mais curta, com 1,4 km de extensão. Leva-se em média 45 minutos de caminhada (ida e volta). O nível é fácil. Pessoas de todas as idades podem fazer esta trilha. Há mirantes, passarelas e placas. O primeiro mirante permite ver a Cascata das Andorinhas, que possui uma queda de aproximadamente 300 metros de altura. Suas águas são formadas pelo Arroio Perdizes. No segundo mirante é possível ver a Cascata Véu da Noiva. Possui uma queda com cerca de 500 metros. Suas águas são formadas pelo Arroio Preá, que ajuda na formação do Rio do Boi, que fica na parte de baixo do cânion. No terceiro mirante é possível ver as duas cascatas e o início do Itaimbezinho, que é em forma de vértice e dá origem ao nome da trilha. Trilha do Cotovelo: A trilha possui 6,3 km de extensão. Leva-se em média 2h30 de caminhada (ida e volta). O nível é fácil. Pessoas de todas as idades podem fazer esta trilha. A maior parte do trajeto, 4 km, é feita por uma antiga estrada do parque. O restante do caminho é feito pela borda do cânion. Chegando ao mirante é possível ver a imagem clássica dos paredões do Itaimbezinho com o caminho do Rio do Boi no meio. Também é possível ver de pertinho as duas cascatas e uma terceira, chamada de Seu Marçal.
Cânion Fortaleza: Aberto diariamente, das 8h às 17h. O Parque Nacional da Serra Geral fecha às 18h e todos os visitantes precisam sair neste horário. Durante a vigência do horário de verão o Fortaleza fica aberto até às 18h e a permanência é permitida até às 20h. A entrada é gratuita
O Fortaleza é o maior de todos os cânions e também um dos mais bonitos. Seus paredões têm 7,5 quilômetros de extensão e, em alguns pontos, até 900 metros de altura. O nome se deve ao formato geológico, que lembra uma fortaleza.
Trilha do Mirante – Apresenta um percurso de 3 km (ida e volta). Nesta caminhada observa-se 95% do cânion Fortaleza. Em dias claros é possível ver parte da planície catarinense e parte do litoral gaúcho. A subida até o topo é feita em 1h30min. A vista é maravilhosa! Mais informações sobre os parques, as estradas e acessos você encontra nos seguintes endereços:
Direção dos parques:
Telefones: (54) 3251.1277 / 3504.5289 / 3251.1262
Skype: pn.aparadosdaserra.serrageral
Email: parnaaparadosdaserra@icmbio.gov.br
Casa do Turista (informações turísticas):
Telefone: (54) 3251.1320
Email: turismocambara@tca.com.br
Fonte: http://www.cambaraonline.com.br
Canion  do Itaimbezinho em foto de Wilson Willrich

Canion do Itaimbezinho em foto de Wilson Willrich


Cânion Fortaleza, imagem Internet

Cânion Fortaleza, imagem Internet

    

    Estações

    301441_494894123856551_2144114589_n

    Ah, esse verão e seu calor materializando cheiros e suores ardentes e embriagando-me de luz. Essa quentura palpável que gruda na pele, que se corporifica numa espera pesada, sem vento, sem clemência, sem frescor. Essa estação repleta de pastos queimados de sol e de palavras morrendo de sede dentro da boca. Uma incandescência sem brisas nem concessões à uma sombra amiga, qualquer que seja. Uma febre que me transporta ao deserto em mim, a uma sonolência improdutiva, a essa dificuldade que as coisas paradas sempre provocam em nós. Uma inércia que se repete e me traz à lembrança outros tempos, onde, em meio aos pátios despidos da escola alemã de minha juventude, eu senti pela primeira vez esse entorpecimento. Era uma paisagem sem qualquer planta que a colorisse, com nenhuma sombra, nenhuma alma amiga para trocar confidências, ouvir e ser ouvida. Nela eu permanecia assim, letárgica, esperando passar mais um dia, e outro, e mais outro. Aquelas paredes caiadas de um cinza desbotado lembravam-me de meu próprio desalento e da dificuldade em aprender um idioma complexo que os pais obrigavam-me a estudar, deixando-me entregue à voragem daqueles dias de verão que transformavam palavras em letras ardentes ante meus olhos e os enchiam de lágrimas e de preguiça.
    Olho pela janela e pressinto camelos levantando o pó sobre a areia escaldante das dunas que se multiplicam e multiplicam numa paisagem minimalista sem qualquer promessa de um oásis. Quem sou eu, me pergunto, envolta neste sudário de linho cru, caminhando em silêncio pelas ondulações arenosas sob meus pés cansados que carregam um fardo de carne e ossos? E para onde vou? Existirá um bosque refrescante além desta vidraça?
    Dor? Nenhuma! Apenas a indiferença colorida por tons secos e um sol que às vezes é, simplesmente, um caleidoscópio multiplicando irradiações de tédio e de fastio. Assim como eu, a tarde indolente também se arrasta, cumprindo um itinerário de espera. Aguardamos, ambas, que a noite caia e nos resgate, e nos redima, e nos refresque, e nos envolva no estado de graça que traz em si. Ah! Essa leveza, essa bem aventurança de céu que finalmente reflete a luz fria da lua! Um céu repleto de estrelas e constelações. Ele abre-se sobre nós e brilha e nos conduz à quietude e ao silêncio, aos sonho e anelos. Esse céu que nos absolve das angústias e nos permite descansar…
    Aguardo a noite ansiosa, porque ela me permite a fuga, ainda que momentânea, de compromissos e rotinas, de desertos e caravanas, de dunas e camelos. À noite dispo-me de mim. Desfaço-me do peso de meu corpo, de suas tantas sinas e permito-me sonhar com oásis e lagos repletos de água cristalina. Com garças alvas e peixes azuis. E tâmaras e figos frescos. E riachos e cascatas. E o vento trazendo enfim a chuva benfazeja. À noite impregnada de tantos mistérios, escura e veludosa, eu peço que me acalente e me embale. E, contrariando os instintos primitivos que nos levam a hibernar no inverno, quero adormecer agora, neste interminável verão…e despertar apenas quando se fizer, de fato e de novo, o inverno. (Ludmila Saharovsky)

      

      Jacareí – Tempo e Memória

      Linde Karl, trecho de Paisagem Urbana 1865, Enciclopédia Virtual ItaúA importância da imagem enquanto documento histórico
      Inúmeras vezes ouvimos a frase: “uma imagem vale mais do que mil palavras”. E é fato comprovado.
      Antes do advento da máquina fotográfica, foi importantíssima a presença de pintores em todas as expedições artísticas e científicas que vieram ao Brasil, a fim de documentarem visualmente cenas, paisagens, usos e costumes do chamado Novo Mundo. O que seria de nossa memória nacional, sem as maravilhosas ilustrações dos livros de Hans Staden, de Debret, de Frans Post, de Maria Graham, citando apenas alguns desses artistas. Certamente nossa história seria muito pobre! As ilustrações, assim como, depois, as fotografias, tornaram-se preciosos documentos históricos que revelam certas dimensões da realidade difíceis de serem descritas por meio de palavras. A impressão que nos causa uma imagem é completamente diversa da que teríamos a partir de qualquer descrição minuciosa do fato, pessoa ou lugar. Isto, sem falar de sua dimensão universal. A compreensão de uma imagem independente da língua, do país, da visão de mundo de uma determinada pessoa. A imagem é o que mostra. A historiografia tradicional não encarava as fotografias como documentos históricos. Elas passaram a ser vistas, estudadas e consideradas, muito recentemente. Foi a Escola dos Annales, no século XX, que ordenou e conceitualizou a definição de uma riquíssima gama de documentos históricos primários que estão à nossa disposição e podem e devem ser a base de estudo do historiador moderno e que vai desde um caco de cerâmica, até aos objetos de uso cotidiano, passando pelas tradições orais populares. Por isto mesmo é que os modernos historiadores encaram a fotografia como um documento histórico riquíssimo e insubstituível. Nada como ver uma foto, para se saber, concretamente, que aparência tinham os primeiros habitantes de nossa terra recém descoberta, qual roupa usavam, como se calçavam, se penteavam, que aparência tinham suas casas, suas vilas, suas festas populares, as igrejas, as praças, a fauna e a flora.(Ludmila Saharovsky)
      trecho do blog www.jacareitempoememoria.com.br
      imagem: Trecho de paisagem urbana, 1865, Linde Karl, que consta da Enciclopédia Virtual Itaú. (domínio público)

        

        Oásis

        jerry-uelsmann-photography-23

        Há muito associei minhas raízes às pedras que não são ansiosas nem buscam significados lógicos para coisas e fatos. Mas por compartilharmos do mesmo horizonte, eu necessito, assim como elas, saber também das coisas etéreas e celestes. Então, com pedras em meus alicerces, mulher sólida, terrena e antiga eu caminho em tua direção, com estrelas nos olhos, com nuvens gordas nos braços, para aconchegar-te, para cobrir-te com as suaves cores do arco íris e para pedir-te que nunca te afastes de mim, pois que, em segredo que revelo apenas para ti, conto que possuo uma nascente em mim, de onde brota uma água sempre cristalina que irá mitigar todas as tuas sedes: do corpo e da alma. Basta que me sinalizes: Estou indo…E eu, te acolherei, as pedras brutas transformadas em diamantes: Vem!
        (Ludmila Saharovsky)
        (imagem de Jerry Uelsmann)

            

          Doce lar…

          jerry-uelsmann-photography-20

          Sonhei. Era uma casa embrionária. E era nossa.
          Nela, não divisei sala nem quartos, mas pressenti conversas longas no sofá frente à janela,
          que dava vistas à hortênsias e ciprestes que alguém, antes de nós, tivera o capricho de plantar.
          Inexistia, ainda, o cotidiano pó sobre o verniz dos móveis não adquiridos,
          nem marcas digitais pousadas em translúcidas vidraças,
          nas porcelanas claras, na fragilidade tênue dos cristais.
          Tampouco a lenha para alimentar o fogo fora recolhida.
          Mas, no futuro, à noite, eu vi a ampla porta de madeira fechar o mundo
          e os sons lá fora, enquanto o silêncio das coisas, tantas,
          reverberava dentro de nós.
          E eu não tentava transpor os limites que você instalara.
          Antes, eu respeitava seu campo, espaço e corpo.
          E instituía uma certa magia, um mistério que ficava pairando
          acima das relações humanas, que não se desintegrava na intimidade,
          no dia a dia, nas rotinas sufocantes, nesta mecânica corrosiva do vir a ser.
          Não. O destino não nos alcançava com seu dedo sempre em riste,
          indicando itinerários como já fez e continua fazendo, com tantos outros.
          Por isso a casa continuava sempre inconclusa.
          Se concluída, certamente, tornar-nos-íamos íntimos demais de sua posse,
          e o encantamento poderia se perder.
          Assim, a cada noite, agora, exercito-me em ouvir o degrau rangendo,
          precedendo seus passos que adivinho, enquanto trato de demarcar,
          na memória, a sólida fronteira:
          A realidade da casa: posse do mundo
          O seu anelo: posse minha e sua!
          Ludmila
          fotografia de Jerry Uelsmann

              

            Festa, Alejandra Pizarnik

            893091_699411943422504_955797090_o

            FESTA – ALEJANDRA PIZARNIK (Argentina)

            tinha estendido minha orfandade
            sobre a mesa, como um mapa.
            Desenhei o itinerário
            até meu lugar ao vento.
            Os que chegam não me encontram.
            Os que espero não existem.

            E tinha bebido licores furiosos
            para transmutar os rostos
            num anjo, em copos vazios.

            FIESTA // he despleado mi orfandad/ sobre la mesa, como un mapa. / Dibujéel itinerario / hacia mi lugar al viento. / Los que llegan no me encuentran. / Los que espero no existen.// Y he bebido licores furiosos/ para transmutar los rostros / en un ángel, en vasos vacíos.

            Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...