“Nos anos 70, Marina Abramovic viveu uma intensa história de amor com Ulay. Durante 5 anos viveram num furgão realizando todo tipo de performances. Quando sentiram que a relação já não valia aos dois, decidiram percorrer a Grande Muralha da China; cada um começou a caminhar de um lado, para se encontrarem no meio, dar um último grande abraço um no outro, e nunca mais se ver. 23 anos depois, em 2010, quando Marina já era uma artista consagrada, o MoMa de Nova Iorque dedicou uma retrospectiva a sua obra. Nessa retrospectiva, Marina compartilhava um minuto de silêncio com cada estranho que sentasse a sua frente. Ulay chegou sem que ela soubesse… e foi assim.”
Arquivo do autor: Lu Saharov
Haicais brasileiros de Ricardo Dias
Viagens de antes
Os finais de semana de minha infância eram preenchidos pela expectativa deliciosa e única da aventura que seria, novamente, percorrer o longo caminho até o templo ortodoxo de Vila Alpina, de trem. Eu, linda em meu vestido de domingo, as tranças caprichosamente amarradas por grandes laços de fita de organza arrematadas por ponto de ajur, os sapatos modelo “boneca” em verniz preto (eles deixavam-me doloridas marcas nos calcanhares, que eu, estoicamente, suportava) sentava-me sempre ao lado da enorme janela. Observava, feliz, a manhã passar com suas caleidoscópicas imagens embaladas pela cantilena da máquina nos trilhos, como no poema Trem de Ferro de Manoel Bandeira: Ôo/ foge bicho/ foge povo/ passa ponte/ passa poste/ passa pato/ passa boi/ passa boiada/ passa galho/ de ingazeira/ debruçada/ que vontade/de cantar/agora sim/ café com pão/ agora sim/ café com pão!
Café com pão…Ah! A fome me torturava, mas, a comunhão… (lembram-se que lá no antigamente a gente só podia comungar em jejum?) Pois então! Ao meu lado crianças deliciavam-se com variadas e coloridas guloseimas enquanto eu engolia em seco, oferecendo aquele pequeno sacrifício ao menino Jesus, enquanto distraia-me com a paisagem. Mais tarde, casada, não trocava por nada a viagem de férias, com meus filhos pequenos, ao Rio de Janeiro, feita naquelas composições cintilantes de aço, formadas por carros-dormitórios duplos, cabine de cima, cabine de baixo, o cheiro de trem inesquecível e tão particular. Nós íamos deitados, juntinhos na cama beliche, o sono chegando mansamente, o céu salpicado de estrelas, a vida sacolejando por dentro de incontáveis túneis e curvas em direção ao mar. Pela manhã, após os malabarismos para escovar os dentes naquele banheiro minúsculo, dando bom dia aos passageiros que já estavam na fila, todos bem dormidos e arrumados, chegávamos aos subúrbios do Rio, sentindo o calor gostoso que nos recebia, junto com meus sogros, na estação. Então, àquele burburinho de malas e de pessoas misturava-se a alegria da chegada: Oô…Vou depressa/ vou correndo/ vou na toda/ que só levo/ pouca gente/ pouca gente/ pouca gente…
Na Rússia, a viagem entre Moscou e S. Petersburgo de trem, é muito concorrida, chique e sexy.(para os que podem ir de primeira classe!) A locomotiva, que parte às 23 horas é composta por inúmeros vagões e engalanada com brasões de latão que ofuscam a vista, de tão polidos! Os comissários de bordo, todos homens, com seus uniformes azuis escuros e galões dourados vão encaminhando os passageiros para cabines individuais. Assim que você se acomoda, aparece um garçom oferecendo champanhe e um sortido cardápio à escolha do viajante, onde não falta o famoso caviar de beluga. A noite passa rapidamente entre edredons de penas e a neve caindo do lado de fora, deixando a paisagem com jeito de cenário de filme. O sono custa a chegar, pois é tão bom usufruir daquele conforto, daquele astral, a cantiga das rodas sobre os trilhos, a manhã surgindo lentamente! Já a travessia de Moscou ao extremo norte do País dura muitos dias. As pessoas leem, escrevem, dormem, fazem as refeições, conversam nos corredores e nos vagões restaurantes. A travessia é muito mais instigante, agradável e cômoda do que de avião. Aliás, na Europa inteira viaja-se muito de trem. É cômodo. É econômico. Você descansa, cochila, relaxa. Conhece melhor a região, curte a paisagem, faz novos amigos, conversa, medita. São países civilizados, com outros hábitos e costumes. O trem é uma opção muito procurada e utilizada. Diferente daqui, onde antigos vagões viram sucata ou saudosas lembranças de um Brasil que optou pelo transporte rodoviário, tão impiedoso e chato e, pelo transporte aéreo que deixa muito a desejar! Viajar sem poesia, que graça tem?
Ludmila Saharovsky
(crônica publicada no Jornal Valeparaibano)
O monge e o cão
O medo
O medo é um guia cego.
Ele nasce de algum ponto obscuro em nosso interior, e quando nos damos conta, já é tarde. Estamos sitiados, reféns de um sentimento que nos acovarda, imobiliza, limita, transmuta. O corpo responde encolhendo-se. O cérebro produz pensamentos de ódio, incompreensão, revolta. E a alma…Ah! A alma sofre enclausurada. Dentro do peito arrebentam-se mil desejos contraditórios. O que seria melhor: O enfrentamento? O recolhimento? O alheamento? A placidez? A barbárie? A indiferença? A fuga?
Um tremor desliza por nossos nervos e arrepia a pele deixando os sentidos em guarda: De onde virá o inimigo?
O medo é um sentimento limoso.
Ele se adere a nós por dentro, por fora, e nos subjuga. Faz com que caminhemos em círculos, com dificuldade de nos movermos, como se estivéssemos com as botas cheias de lama coladas ao chão. Por mais que haja brisa, e que a luz do sol brilhe lá fora, esse lá fora parece um lugar inatingível. O vento não chega até nós, para aplacar o suor do corpo.Tudo se reveste de ameaça: um gesto, uma frase, um ruído, qualquer presença. Um segundo pode fazer toda a diferença entre o viver e o morrer. . Num instante uma rajada atravessa o carro, a porta, a parede e nos pega ali, completamente indefesos, despreparados, aturdidos, modificando radicalmente nossas vidas.
O medo é um espectro.
Ele nos persegue e nos alcança em qualquer esconderijo. Invisível ele dissolve nossas convicções e nos acua. Sufoca as esperanças, aniquila o amor próprio. Deixa-nos órfãos, à mercê, do lado negro da força, que não reconhece limites…Que não respeita esconderijos, sejam eles físicos, sejam psicológicos. E, nessa contínua espera da porta que em nós, a qualquer momento pode ser arrombada, o medo vai gerando seu negro lírio de odor nauseativo, que anestesia.
O medo é um vírus mortal!
Ele provoca uma dor física insuportável. Dor de bola de fogo descendo pelo esôfago, queimando as entranhas, perfurando as vísceras, abrindo cavernas na carne viva.
Ah! E o medo também petrifica.Transforma o claro em nós em bruma sólida, em rocha de sal, em marco intransponível. Lágrimas em pedras. Palavras em fósseis. Asas em crostas.
Enquanto escrevo, a sala enche-se de estilhaços de balas e de vidros. De fogo e cinzas. De gritos e lágrimas. O sangue jorra ao meu redor e mancha o tapete da sala onde repousam meus pés descalços. Vejo as marcas que a morte vai deixando. Um último alento, escurecendo o cristal da vidraça, encobre a tarde. Pássaros negros levantam voos sobre a nuvem de estupor que me envolve a alma, feito arame farpado.
Feito arame farpado aprisiona-me dentro de mim. Sim, afinal aconteceu a guerra anunciada. A violência rompeu os diques e inundou nossa rua, o jardim, o alpendre, o quarto, a nossa vida. Surpresa? Não! Torpor. A televisão prossegue nos massacrando com as notícias do dia. Imagens de desolação e violência por toda parte. Sirenes, labaredas, rajadas, estampidos, correria. Por toda parte a cauda materializada do terror e a incerteza se sobreviveremos. Mas, amanhã será um novo dia. Contabilizaremos os vivos e os mortos. Ouviremos as mesmas explicações que não explicam nada e as eternas promessas que jamais serão cumpridas. Sairemos às ruas, o medo grudado ao corpo para enfrentarmos mais uma jornada, feito autômatos. Feito robôs. Sobre as nossas cabeças, a Rosa de Hiroshima abrir-se-á novamente em pétalas de angústia e os mortos cobrirão os céus com suas invisíveis mãos pedindo ajuda…
Ludmila Saharovsky
(Crônica publicada no Jornal O Valeparaibano)
São Lourenço do Sul – RS
A Lagoa dos Patos é uma laguna localizada no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, sendo a maior laguna do Brasil e a segunda maior de toda a América Latina (perde apenas para o Lago de Maracaibo, na Venezuela). Tem 265 quilômetros de comprimento, 60 quilômetros de largura (na sua quota máxima), 7 metros de profundidade (na sua quota máxima), e uma superfície de 10 144 km², estendendo-se na direção nor-nordeste-sul-sudoeste, paralelamente ao Oceano Atlântico.
O nome, Lagoa dos Patos, estaria ligado às tribos de índios que habitavam a região do Rio Grande do Sul, conhecidos como “patos”. Outra versão conta que a origem do nome desta laguna teria ocorrido em 1554, quando viajavam para a região do Prata algumas embarcações espanholas, que, acossadas por um temporal, viram-se na contingência de procurar abrigo na barra do Rio Grande. Aí deixaram fugir alguns patos que traziam a bordo e de tal modo se deram bem as aves com o lugar, que se reproduziram assombrosamente, chegando a coalhar a superfície das águas da laguna, dando-lhe o nome, fato que não encontra corroboração em registros históricos. (fonte Wikipédia)
No extremo sul, a Lagoa dos Patos é ligada ao mar por um estreito canal e sua água é salobra.
São Lourenço do Sul – RS.
Prosseguindo em nossos passeios para conhecer melhor as cidades banhadas pela Lagoa dos Patos, neste Carnaval viajamos até São Lourenço do Sul, que fica a 122km de distância de Rio Grande, pelas BR 392 e 116.
A origem do Município de São Lourenço do Sul remonta ao final do século XVIII, quando a coroa portuguesa distribuiu terras nas margens da Lagoa dos Patos a militares que se destacaram nas guerras contra os espanhóis. Os proprietários erigiram capelas em devoção aos seus santos prediletos. Em 1807, os moradores da Fazenda do Boqueirão construíram a capela de Nossa Senhora da Conceição, ao redor da qual desenvolveu-se o povoado que é o berço do município. Em 1830, o povoado da Fazenda do Boqueirão, foi elevado à Freguesia, por Dom Pedro I, sendo desmembrado da Vila de Rio Grande e incorporado à Vila de São Francisco de Paula, atual Pelotas.
Palco de muitas batalhas no século 19, devido à Revolução Farroupilha, São Lourenço do Sul abriga importantes passagens da história sobre a formação do Estado do Rio Grande do Sul. A Fazenda do Sobrado, localizada nas margens da Lagoa dos Patos e que serviu de refúgio para Giuseppe Garibaldi, além de ser usada como quartel-general por Bento Gonçalves durante as batalhas contra o Exército Imperial, é uma prova testemunhal destes fatos. Esses acontecimentos são mantidos vivos na memória da cidade e preservados para a posteridade. (Fonte: Site da Prefeitura de São Lourenço)
A cidade, que possui as praias mais bonitas da Lagos dos Patos, tem cerca de 55 mil habitantes, excelentes hotéis e restaurantes e oferece aos visitantes passeios de escuna, roteiro pelas fazendas coloniais e também promove em outubro a Festa de Cerveja: Südoktoberfest
Carnaval de Recife – Pernambuco
Uma das festas de Carnaval de Rua mais coloridas e vibrantes acontece em Pernambuco, mais exatamente na velha cidade de Recife, tomada inteiramente pelos foliões que dançam durante os quatro dias de folia, atravessando as madrugadas.
Os carnavais de Recife e principalmente Olinda figuram, juntamente com os do Rio de Janeiro e Salvador, entre os mais animados do Brasil.
A diferença marcante é que, em Pernambuco, o carnaval tem um viés muito mais popular e muito menos comercial do que nos demais centros; não existe nenhuma espécie de sambódromo, que confine escolas e carnavalescos, nem trios elétricos, que costumam cobrar pelos abadás.
A Prefeitura do Recife costuma organizar eventos em alguns pontos da cidade, como o Recife Antigo; grupos musicais se apresentam em palcos, grupos folclóricos desfilam pelas ruas.
O carnaval no Recife, nasce de forma espontânea; pelos diversos bairros. Blocos são formados por alguns amigos e logo tornam-se tradição. O maior exemplo desse fenômeno é o Galo da Madrugada: Em 1978, 75 amigos resolveram formar um bloco que saísse pelas ruas do Recife de madrugada, antes de o comércio abrir; um pequeno boneco de galo, que hoje é uma escultura gigantesca, deu o nome ao grupo. (Fotos e Texto retirado da Internet)
Carnaval
Parque Eólico em Palmares do Sul
Saindo do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, em Mostardas, prosseguindo nossa viagem pela BR 101 e chegamos ao Parque Eólico de Palmares do Sul. Palmares é uma linda cidadezinha de 11 mil habitantes, que está apostando muito no desenvolvimento que o parque eólico irá trazer, sem dúvida alguma, para toda a região.
O projeto de construção de dois Parques Eólicos no Município de Palmares do Sul está avançando. Um Parque com capacidade para gerar 50 Megawatts de energia deverá se localizar em uma área a 25 km da sede do Município de Palmares do Sul, a leste da RST 101 e a oeste da lagoa do Quintão.
O outro deverá ficar situado na RS-40, parada 172, e terá capacidade de gerar 9,35 Megawatts.
A energia eólica, produzida a partir da força dos ventos, é abundante, renovável, limpa e disponível em muitos lugares. Essa energia é gerada por meio de aerogeradores, nas quais a força do vento é captada por hélices ligadas a uma turbina que aciona um gerador elétrico. A quantidade de energia transferida varia em função da densidade do ar, da área coberta pela rotação das pás (hélices) e da velocidade do vento.
A Lagoa dos Patos tem cerca de 280 km de comprimento (norte-sul) e largura (leste-oeste) máxima de 70 km. Com essas medidas generosas, olhar em direção à lagoa, não importa o ponto onde se esteja, é como olhar para o oceano e ver lá distante a linha do horizonte.
Em sentido horário a partir da foz do Guaíba, são 14 os municípios que têm o privilégio de ter seus territórios banhados pelas águas da Lagoa dos Patos: Viamão, Capivari do Sul, Palmares do Sul, Mostardas, Tavares, São José do Norte, Rio Grande, Pelotas, Turuçu, São Lourenço do Sul, Camaquã, Arambaré, Tapes e Barra do Ribeiro. (Ludmila)