Lá e de volta…


Este foi o percurso que fizemos: Saímos de Rio Grande ( parte inferior do mapa) atravessamos a Lagoa dos Patos, de balsa, até São José do Norte, depois seguimos até Mostarda, onde pernoitamos. Pela manhã fomos ao litoral de Mostardas, passando pelas dunas e depois, pela praia chegamos ao Parque Nacional da Lagoa do Peixe, em Tavares. Em seguida, fomos conhecer o Parque de Energia Eólica em Palmares do Sul e seguimos para POA. Fomos à Feira do Brique de Redenção, no domingo e voltamos pela BR 116, do outro lado da Lagoa dos Patos.

    

    Mostardas, litoral e Lagoa do Peixe

    Mostardas é marco de ocupação do Rio Grande do Sul e sua historia tem início no sec XVIII.
    A cidade conserva uma rua com casario típico do povoamento açoriano, que vale a pena visitar.

    Na manhã seguinte resolvemos ir com nossa perua ( Renault Megane ) conhecer a Costa Oceânica com suas dunas e, com alguma sorte, chegar até o Farol de Mostardas e depois até o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, pela praia. O dia estava muito claro e quente, e vimos muitos carros, baixos como o nosso, indo e voltando, o que nos deu confiança em tentar!
    A paisagem é deslumbrante. Há bosques de pinheiros, de ambos os lados da pista, durante praticamente todo o percurso. Quando se aproxima do litoral, visual muda. Riachos, pastaria, campos alagados de repente se transformam em km e mais km de dunas móveis, até chegar à praia. É indescritível a beleza do lugar. Não há como capturá-la em fotografias! A trilha tem 10 km, atravessando áreas de banhado, com vegetação de restinga e de dunas, até chegar à praia (aproximadamente 3 km) Todo o cuidado para não atolar no trecho das dunas é pouco. É necessário seguir pela trilha feita por outros carros, onde a areia é mais firme.

    Paramos na Avenida que leva à praia de Mostardas para fazer uma refeição antes de prosseguirmos viagem, agora pelas areias ao lado do oceano. O almoço foi servido na varanda do restaurante muito simples, mas com vista para o mar. Não há muitas alternativas no cardápio, porém a comida caseira é muito saborosa e farta: peixe papa terra frito, em postas (uma delícia!) acompanhado de molho de camarão, arroz, fritas, legumes e salada verde. No restaurante nos informaram que poderíamos viajar até o Farol de Mostardas (16km) e de lá até o Parque Nacional (mais 16 km) pela praia, sem problemas. Foi o que fizemos.

    Na metade do percurso topamos com destroços de um grande barco encalhado na praia.
    Revoada de pássaros, esqueletos de tartarugas marinhas, pequenas vilas de pescadores, o céu, o mar e a paria
    imensa foram o cenário até chegarmos ao farol, que infelizmente só abria para visitação às 16 hs. Assim, resolvemos seguir viagem até a Lagoa do Peixe.

    Saindo da praia em direção a Lagoa do Peixe, encontramos mais dunas, e, atrás delas, o Parque com várias pontezinhas sobre os riachos que alimentam a lagoa. Ele abriga diferentes ecossistemas e foi criado em 1986, sendo considerado como um dos maiores santuários de aves migratórias do Hemisfério Sul. Cerca de 26 espécies de aves partem do Hemisfério Norte e outras 182 visitam o parque durante o ano.
    Aves, como o maçarico-de-peito-vermelho, voam mais de 10 mil quilômetros desde o Ártico em busca de alimentação e abrigo. A fartura de crustáceos, moluscos e algas e o isolamento da área fazem da Lagoa do Peixe o local perfeito para procurar alimento e descansar. É um santuário a céu aberto.(fonte Internet)
    Saímos do Parque pela Estrada Velha Terra. São 7 km de estrada de areia que liga a vila do Lagamarzinho até a BR-101.

      

      Parque Nacional da Lagoa do Peixe em Mostardas RS.


      Já declarei inúmeras vezes o meu amor por Rio Grande do Sul, e por essa hospitaleira Rio Grande, cidade onde atualmente vivo. Localizada entre o Oceano Atlântico e a imensa e única Lagoa dos Patos, é daqui que eu saio para melhor conhecer os arredores. E foi o que fizemos, eu e Liv, neste final de semana. Nosso destino: a cidade de Mostardas. Atravessamos a Lagoa dos Patos de balsa, até São José do Norte, onde pegamos a rodovia 101, e, depois de 163 km de estrada, chegamos ao nosso destino.

      Mostardas é uma pequena cidade ( população aproximada de 15 mil habitantes) margeada de um lado pela Lagoa dos Patos, e de outro, pelas dunas e pelo mar, colonizada por imigrantes açorianos a partir de 1738. Esse nome tão interessante deve-se, segundo historiadores, aos sobreviventes de um navio francês que tinha esse nome e naufragou na região. No entanto, o navio chamava-se Mostardeiro e não Mostardas. Segundo a historiadora Marisa Oliveira Guedes, mustardas eram trincheiras cavadas e cobertas com uma esteira de taquara e junco e que eram camufladas plantando mostardas, pois este vegetal não murcha, para abrigar os soldados nas guerras de Portugal.

      Um dos maiores atrativos da região é o Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Dentro da área do parque, na costa, a aproximadamente 20 quilômetros do Balneário de Mostardas, está situado o Farol de Mostardas. Mas, não apenas o Parque Nacional encanta. A cidade toda é muito bonita, em meio a vastas plantações de pinheiros, com boas pousadas a preços módicos, praças, faróis, balneário, dunas, arquitetura açoriana preservada, bem como a fauna e a flora. Para ver-se o por do sol sobre a Lagoa dos Patos, é preciso ter um carro alto com tração nas quatro rodas, senão é impossível chegar à beira da Lagoa. (Nossa pousada, Pouso Alegre, oferecia este e os demais passeios, e Robson, seu proprietário, foi um guia excelente!)

      Entramos por uma estrada de areia fofa cercada de ambos os lados por plantações de arroz que se perdiam de vista, até chegarmos ao Porto do Barquinho, na beira da Lagoa dos Patos, com seus molhes adentrando na água. Antes da construção da BR 101, era pela Lagoa que chegavam os suprimentos e escoava a produção rural de Mostardas. Neste horário de verão, o sol se põem perto das 21 hs. e o espetáculo é de encher os olhos de lágrimas frente a tanta beleza!

        

        Civilização Hiperborea Arktis em Solovki?

        No primeiro capítulo do livro *O Anticristo, de FRIEDRICH NIETZSCHE lemos:
        “Olhemo-nos de frente. Somos hiperbóreos – sabemos assaz como
        vivemos à parte. «Nem por terra nem por mar encontrarás o caminho
        para os hiperbóreos» – como já de nós dizia Píndaro. Para além do
        norte, do gelo, da morte – a nossa vida, a nossa felicidade… Descobrimos a felicidade, sabemos o caminho, encontramos a saída de milénios inteiros de labirinto. Quem mais a encontrou? O homem moderno talvez? «– Não sei sair nem entrar; sou tudo aquilo que não sabe nem sair nem entrar» – lamenta-se o homem moderno… E é dessa modernidade que adoecemos.”

        Solovietskie Ostrova, carinhosamente chamado pelos russos de Solovki, é um pequeno arquipélago encrustado no Mar Branco, no extremo norte da Rússia, próximo ao Círculo Polar Ártico. Quando eu lá estive, há dez anos atrás (o tempo voa!) conversando com arqueólogos, que faziam escavações nas valas no entorno dos templos, em busca dos cadáveres do Gulag, eu ouvi pela primeira vez a palavra “guiperbórea” ou Hiperbórea. Explicaram-me eles que se tratava de uma antiga civilização que floresceu “para além do Mar do Norte”. Essa antiga “Tradição do Norte”muito presente, ainda, na cultura ancestral russa segue protegida pelo frio intenso e pela neblina do tempo, atiçando a nossa imaginação e nos oferecendo provas materiais, que nem sempre temos capacidade de entender.

        Reportando-nos à mitologia grega, ficamos sabendo que os Hiperbóreos eram um povo milenar que vivia no extremo norte da Grécia, próximo aos Montes Urálicos. Sua terra, chamada de Hiperbória – do grego ύπερ, hiper, “super” ou “além” e βόρεια, bóreia, “norte” traduzido como “além do bóreas”(bóreas, o vento norte) – era perfeita. Os gregos pensavam que Bóreas, o deus do vento norte, vivia na Trácia. A Hiperbórea era uma nação desconhecida, localizada na parte norte da Europa e da Ásia, próxima ao Polo Norte, que na época, conforme podemos observar em antigos mapas, não era coberta pelo gelo, como apresenta-se agora.
        Nos mapas gregos do período de Alexandre, o Grande, a Hiperbórea – mostrada por vezes como uma península, por vezes como uma ilha, era uma das muitas terrae incognitae nos mundos grego e romano da antiguidade.

        Plínio e Heródoto, bem como Virgílio e Cícero, relataram que nessa terra, onde o sol jamais se punha, as pessoas atingiam idades de mil anos e gozavam de vidas em completa felicidade. Também Hesíodo e Homero mencionam os hiperbóreos em seus escritos, descrevendo-os como os pais da raça ariana.

        Em Solovki fiquei sabendo que no início do sec. XX houve uma expedição patrocinada pela Sociedade Geográfica Russa, em busca de vestígios desse povo, que perdeu-se entre as geleiras. Outra expedição partiu de S. Petersburgo, em 1922 sob o comando do biólogo Alexander Barchenko, que também não obteve êxito, mas, Barchenko escreveu em seu diário que encontrou inúmeros objetos ligados ao “culto do homem do período megalítico” no local onde imaginava que se localizaria Hiperboria. Suas anotações foram confiscadas pelos órgãos de segurança do governo Stalinista, e quase todos os participantes de sua expedição morreram nos terríveis anos da repressão em massa. O próprio Barchenko foi executado em 1938.

        Mais recentemente, em 1986, a historiadora russa PHD, Svetlana Zharnikova, estudando mapas ancestrais bem como a remota escrita ariano eslava e comparando nomes de cidades do Nordeste russo com as antigas lendas, relatos folclóricos e historias ainda presentes no imaginário de seus habitantes, localizou a lendária cidade num espaço contido entre o Norte e o Sul do Mar Branco, tendo como limites no leste oeste os Montes Urais e a Escandinávia.
        Sim! Exatamente nesse espaço localiza-se o Arquipélago de Solovki, corroborando um antigo ditado russo que diz: “lugares santos nunca perdem a santidade”.

        Solovki, com seus labirintos de pedra da idade neolítica, com seus monumentos e cemitérios ancestrais, recebeu, no sec XIV um complexo de monastérios, construídos por monges peregrinos. Já no século passado, nos anos 30, Solovki foi escolhida para a instalação do primeiro Gulag do regime soviético, onde foram assassinados centenas de milhares de cidadãos inocentes, após a carnificina perpetrada por Stalin e seu regime de terror. Hoje, neste solo recheado de cadáveres, novamente respira-se o Sagrado. Quem vai a Solovki, não volta o mesmo. A ilha é imantada por uma energia difícil de descrever e voltou a receber peregrinos que lá chegam em busca de alimentos para a alma!


        A descoberta, no ano 2.000, de um santuário dedicado ao Dom de Deus, no maior patamar megalítico de Khibiny (As Montanhas Khibiny se encontram dentro Península de Kola , que se estende do norte da Rússia para os os Barents e o Mar Branco. A área total da península é de aproximadamente 100.000 quilômetros quadrados) vem corroborar essa hipótese, de Solovki ser um fragmento desse imenso continente desaparecido de Hiperborea Arktis.
        Eu creio, sem sombra de dúvidas, que inúmeras civilizações nos precederam nesse longo caminho da Evolução Humana, e inúmeras civilizações surgirão no futuro.
        No decorrer dos séculos muitas perguntas foram feitas e muito poucas respostas encontradas, ou melhor dizendo: reveladas. Documentos importantes, como os de Barchenko, prosseguem confiscados, criando poeira em arquivos trancados pela ignorância ou pelo medo à reação às suas descobertas. Mas, os mitos, as lendas e novos pesquisadores estão aí, convidando-nos a desvendar, compreender, compartilhar e mergulhar na História da Antiguidade, buscando entender nossas origens. Cabe-nos aceitar esse convite e mergulhar de cabeça nessa, que se constitui, a maior de todas as viagens: a do conhecimento de quem somos e de onde surgimos! (Ludmila Saharovsky)
        * http://www.lusosofia.net/textos/nietzsche_friedrich_o_anticristo.pdf

          

          Zé Demétrio, lembranças

          Pessoas queridas! Recebi este e-mail de meu querido amigo Fabiano Mauro Ribeiro, como resposta à última postagem que fiz sobre Mestre Justino.
          Pelo depoimento, tão informativo, e em homenagem à memória de Zé Demétrio, que nos deixou em 25 de março do ano passado, achei que deveria publicá-lo neste espaço, e não no reservado às respostas.
          Fica aqui, a minha homenagem ao querido amigo que partiu e ao Fabiano, que reparte conosco suas lembranças.
          Obrigada, Fabiano!
          Saudades, Zé Demétrio!
          (Ludmila)

          Eu me lembro com emoção que havia colocado Zé Demetrio, Justino e Anderson Fabiano, em vários leilões de arte, feitos pelo Paulo Brhame, leiloeiro já falecido. Paulo encomendou a Demetrio uma escultura, de preferencia, figura de mulher nua, que o Zé as vezes fazia muito bem. A tal escultura saiu logo, naquele material sintético usado pelo escultor – fiquei surpreso e feliz, quando, depois de não saber o que Brahme havia feito da peça, encontrei-a em seu luxuoso escritório junto ao Fórum, em 99. Na década de oitenta, o principal auxiliar do Paulo, Evilásio Lopes, pintor e consultor de artes, fez uma exposição no Hotel Gloria, Rio, só com artista brasileiros, e colocou peças de Demetrio. O Zé tinha um protetor famoso e poderoso, Augusto Trajano de Azevedo Antunes, sócio da Betlen Steel, e modelo de capitalista, presidente da Caemi. Antunes tinha um fascinio pelo casal Demetrio e Carolina – sua secretaria me telefonou, perguntando a hora que abriria a exposição no Gloria. Depois eu soube que Antunes com seus inseparáveis seguranças, havia entrado nos salões do Gloria antes de todo mundo, e, à noite, o Presidente da Caemi já tinha uma opinião sobre a exposição, inclusive, falando por telefone a Zé Demétrio, fez umas criticas meio severas quanto à disposição das esculturas no salão principal. A ligação do grande Azevedo Antunes com Demetrio, principalmente, era curiosa – estava-se diante de um milionário, um apaixonado das artes, mas talvez com algum talento que não se expandiu, e de outro lado um artista pobre a quem ele deu apoio inusitado. Mais tarde, ao construir o colossal edifício sede da Caemi na Praia de Botafogo, foi Demetrio o escolhido para fazer a escultura que ainda lá está tomando toda a parede da parte superior da recepção – Azevedo Antunes pelo seu prestigio e penetração, tinha à sua disposição um punhado de escultores famosos na época, e no entanto escolheu o Zé de Taubaté, em quem ele nunca deixou de acreditar. (Fabiano Mauro Ribeiro)

            

            Mestre Justino (novas imagens)

            Pessoas queridas!
            Nunca pensei que fazer um blog me trouxesse tanta alegria, tantos novos amigos e tão gratas surpresas!
            Além de inúmeros recados deixados aqui neste Espelho, quando publiquei o primeiro post sobre nosso querido Mestre Justino; eu prossigo sendo contactada por amigos que possuem obras do artista e me presenteiam com fotos. Este fato me permite continuar compartilhando com vocês seu grande talento!
            Publico hoje fotos enviadas pelo Sr. Richard Giovanelli e que fazem parte do acervo de sua família. Gratíssima, Richard!
            (Ludmila)

            Estas outras obras do Mestre, fazem parte do acervo de Cristina Demétrio, filha de seu inseparável amigo, o escultor José Demétrio e que é também uma grande artista plástica. Cristina reside e trabalha em seu atelier em São José dos Campos.

              

              Folia de Reis


              “O palhaço, às vezes Marombo, às vezes Bastião, às vezes Marumbo ou Marungo, às vezes Véio e às vezes Fardado, são seres encantados que carregam na matula um modo de inventar e construir diariamente suas vidas, através das folias, e a cada jornada, traçam um mistério na sua própria história. O mistério da significação do palhaço, figura que transita entre o bem e o mal, sagrado e profano, céu e inferno, está presente nas Folias de Reis, uma tradição deixada de geração para geração. O fato é que atrás desta Máscara existe um grande mistério” (Roberval Rodolfo)

              “E quando o Rei Herodes soube do nascimento da Criança que seria o Rei dos Reis, com medo de perder o trono enviou seus soldados para matar o menino Jesus.
              Mas os soldados, quando viram o menino e a luz que o arrodeava, eles se converteram e o adoraram também, e, em vez de matar a criança, elaboraram um plano para distrair o Rei Herodes, enquanto a Família Santa fugia.
              O Rei Herodes então, mandou matar todas as crianças com menos de dois anos.
              Os soldados convertidos cobriram todo o corpo com vestes, o rosto com máscaras e, com cantos e estripulias retardaram as tropas do Rei Herodes, permitindo que o menino Deus fosse levado ao Egito em segurança.
              Vestidos de palhaços, os soldados foram conversar com o Rei Herodes, convencendo ele de que não precisava temer nenhuma profecia, pois ele era o mais poderoso.
              Aí…conversa vai, conversa vem, uma bebidinha aqui, uma comidinha ali, e Herodes achou que tinham se passado três horas, mas, na verdade, tinham passado três dias, tão encantado e entretido ficou com os palhaços, que cantaram e declamaram, para proteger Nosso Senhor Menino.” (baseado em trechos do livro Marombo: A dança de Devoção de Roberval Rodolfo)

              Essa é a interpretação popular dada à história bíblica, que é encenada por todo o Brasil no Dia de Santo Reis, pelas Folias de Reis, que percorrem as casas narrando essa versão própria, entre cânticos, danças e palhaçadas.

              “Os palhaços são pessoas da comunidade marcadas para essa missão, escolhidas para proteger a Folia e a Bandeira da Companhia, como outrora protegeram o Senhor Menino.
              O palhaço ou marungo, como também é conhecido, não é um palhaço qualquer. Palhaço é no circo. O marungo tem patente militar na campanha belicosa entre o bem e o mal.” “Ele deve possuir os mesmos conhecimentos cósmicos que possui o Mestre da companhia, pois o marungo vai na frente da bandeira, encabeça a proteção a ela. No encontro com outra companhia, na estrada, é ele quem primeiro recebe os ataques/versos do oponente. Se não souber responder, perde-se a bandeira.”
              (do livro: “Marombo: A Dança da Devoção” de Roberval Rodolfo)

              Na cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas tocando músicas alegres em louvor aos “Santos Reis” e ao nascimento de Cristo. Essas manifestações festivas estendiam-se até a data consagrada aos Reis Magos, dia 6 de janeiro.
              A tradição da Folia de Reis, nasceu na Europa, na Idade Média e ganhou força especialmente no sec. XIX, mantendo-se viva em muitas regiões do país, sobretudo nas pequenas cidades dos estados de São Paulo, Minas Geraes, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro e Goiás, dentre outras.
              Apesar de Folia de Reis assumir muitas formas e nomes – Reisado, Terno de Reis, Tiração de Reis , no centro dessa tradição há uma profunda religiosidade, expressa na música, pantomimas, roupas coloridas, visitas a lares onde há um presépio montado e outros elementos que homenageiam o nascimento de Jesus e revivem a viagem e visita dos Três Reis Magos.
              Os integrantes do grupo da folia de reis são: mestre, contramestre (donos de conhecimentos sobre a festa), músicos e tocadores, além dos três reis magos e do palhaço, que dá o ar de animação à festa, fazendo a proteção do menino Jesus contra os soldados de Herodes, que queriam matá-lo.
              A Folia de Reis permite o improviso, recriando assim, de forma constante, o ritual da Fuga da Familia Santa para o Egito. Cada folia tem a sua própria tradição, de acordo com a região onde é encenada.. Os ensinamentos são passados de geração em geração mantendo assim essa rica tradição popular viva até os dias de hoje. (Ludmila Saharovsky)

                 

                Frida e Alecsia

                Começo o ano postando a foto de minhas duas bonecas muito queridas: Minha neta Alecsia, que veio passar as festas de final de ano aqui em casa, e da Frida Kahlo, boneca de ganhei de Papai Noel!
                Este início de 2013 está sendo feliz, feliz! Os dias maravilhosos, a casa cheia de filhos e netos e o meu projeto de livro narrando a Memória Oral de Jacareí: Jacareí, Tempo e Memória aprovado pela LIC (Lei de Incentivo à Cultura)
                Para um ano que nem iria começar…este se inicia bem demais!
                Continuem comigo! (Lud)

                  

                  Um presente raro


                  Queridos amigos!
                  Aqui estou, postando minha última atualização no blog deste ano de 2012, que, para mim, foi repleto de alegria, excelentes notícias, realizações, viagens, novas amizades, recados carinhosos deixados por vocês, meus leitores, que aumentaram significativamente o lastro desse Mar da Vida pelo qual navegamos! Eu aceito e agradeço por essas dádivas com o coração em festa!
                  Meu livro Tempo Submerso, está sendo traduzido para o inglês e, até meados desse próximo ano, estará também na versão em e-book.
                  Assim, hoje, orgulhosa, eu publico aqui, a última resenha que recebi, feita por um amigo muito especial:
                  *Fabiano Mauro Ribeiro.

                  TEMPO SUBMERSO – Livro da escritora Ludmila Saharovsky, radicada em São Paulo, conta uma viagem de recordação em busca de seu passado na sombria história da antiga União Soviética

                  Ludmila Saharovsky, nasceu no campo de refugiados Lager Parsh, em Salzburg, Áustria, em novembro de 1948. A família sofria a perseguição da ditadura stalinista, tendo abandonado o local de origem no norte da Rússia. Na década de 50, se transferiram para o Brasil, fixando-se em São Paulo, e a seguir na cidade de Jacareí no Vale do Paraíba.
                  Como diz a própria escritora no inicio da Parte II de seu livro “o passado é um vasto continente localizado em nós e habitado por múltiplas lembranças.” É assim que criada nos costumes russos, muito bem retransmitidos em suas narrativas, vai nutrindo vida a fora, o desejo do que ela chama, logo nos primeiros momentos em que desembarca mais tarde em 2003, na sua viagem de reencontro, de realizar “ a procura de seus mortos..”
                  Essa procura que acaba num mítico confronto, será numa Rússia do século XXI, em que ruiu a Cortina de Ferro. Agora não se tem mais o temor das tormentas, que desde o trucidamento da família Imperial, em 1917, ocuparam a atmosfera do país, e alimentaram a chamada Guerra Fria, assombração da população mundial. A autora se serve da tinta final para o quadro que ela deixou inacabado um dia na sua infância. É doloroso porém a constatação das nuvens carregadas lembrando as incrustações frias de Solovietskie Ostrova, que faz parte de sua revista, no mar que por ironia, se chama “Mar Branco”.
                  Essas sombras foram as que geraram afinal o seu regresso, a sua peregrinação, aos recantos onde ficaram pedaços dos corpos e dos espíritos de sua gente submergidos no tempo. Tempo Submerso, exatamente como salienta a autora do prefácio, é o tempo que Ludmila vem redescobrir e tentar aflorar em sua viagem.
                  Mas em oponibilidade às sombras, está a luz nas recordações familiares com Ivan Fiodorovich Saharov, o avô e Alecsandra Dmitrivna Kudriavseva, a avó. Lembranças das habilidades e do convívio com Ivan, que desgastado o corpo, contrai tuberculose. Sua sabedoria, porém, sua habilidade em lidar com coisas da natureza e do dia a dia situado nos costumes típicos do povo russo, torna-o a figura de maior ternura na vida da autora, que narra esse lidar com minúcia cativante. É o seu grande anjo da guarda na nova vida no Brasil, uma vez que os pais têm de se ausentar para o sustento dos 5 refugiados. O avô está assim mais próximo dela do que o pai.
                  Abre-se aí um aprendizado amplo e agradável de se ler, com os costumes e o convívio na família russa. Alecsandra tem uma personalidade delicada, dispensando extremo cuidado na condução da vida dos netos, ainda que cheia de atribulações, mormente num país estranho. Ivan, apesar de militar graduado pela antiga Academia Militar de San Petrsburgo, mesmo portador da doença crônica, era um sensível pelos próprios descendente, pela natureza, e pela religião católica ortodoxa – isso a autora frisa ao se recordar da sua preocupação, já morando em São Paulo, em modificar a consistência das velas utilizadas nos ícones no Monastério Ortodoxo de Vila Alpina. Ele se apaixonava pelas pedras e seus mistérios, e mergulhava na leitura de antigos livros de Montezuma, sobre os astecas. Um personagem que tem passagem livre para os grandes romances dos autores russos clássicos.
                  Mas o Tempo Submerso, é um tempo de duas polaridades, sendo uma outra cruel, que é latente em todo o decorrer do livro – a lembrança dos Gulags, implantados pela ditadura de Stalin, sendo o primeiro deles instalado no antigo Mosteiro originário da velhíssima Catedral da Transfiguração do Salvador, em Solovki. Esse templo depois de várias modificações e de ter sido fechado em 1923, veio a abrigar o primeiro Gulag, de nome SLON, enunciando o nome do Departamento, mas que num trocadilho significava “elefante”. Em 22, bolcheviques teriam ateado fogo ao edifício. A palavra Gulag é um acrônimo de Glavnoie Upravlenie Lagerei (Administração Central dos Campos).
                  Num desses Gulags, ficaram os mortos do passado da autora, que levou os nomes peregrinando nos setores disponíveis no momento, agora aparentemente livres para pesquisas – Fiodor Saharov, Natalia, Nadejda, Irina. Todos ascendentes, e que os vivos ainda deixaram com vida na Rússia. A encarregada dos sistemas, burocrata, mas solicita, atende à autora. Nas consultas e pesquisas, vai surgindo uma galeria de horrores daquele passado submerso, através fotos e apontamentos. O tempo submerso permanece, mas agora é móvel no revolver lembranças gravadas a ferro e fogo – e a autora se familiarizou definitivamente com ele. O final é para o leitor, que lerá tudo de uma assentada, e saberá ajuntar esse depoimento como página importante de testemunho de uma das maiores barbáries que a humanidade já contemplou, tal e qual o nazismo, e que por certos canais ainda merece certo ofuscamento em divulgar.
                  *Fabiano Mauro Ribeiro

                  Fabiano é advogado, pesquisador de historia e arte e colabora para várias publicações nacionais no gênero.

                  *Fabiano…sem palavras! A emoção desse texto que me enviou, eu guardei no compartimento de presentes raros, no baú mais precioso de meus tesouros.
                  Beijão, amigo!

                  Ludmila Saharovsky

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