O verbo e a imagem

O VERBO E A IMAGEM

Mestre Paracelso (Philippus Aureolus 1493/1541) em sua vida fertilíssima alternava-se
entre a busca de uma medicina pura e idas a varias ciências, naturais. Pesquisava
a alquimia, o esoterismo o ocultismo e ramos religiosos quaisquer que acenassem
com o deslinde dos mistérios da vida. Por volta de 1537 está em Salzburgo, onde irá
morrer, mas em jornadas pela cidade sempre que via um grupo de jovens, em volta do
ensino da pintura, da escultura, era convidado a parar…

Um Discípulo olhou num antigo
Capitel, uma imagem fora de
Época, deteriorada, sem brilho
E ante moldes dos artistas
Que ali ensinavam, quis,
Mesmo assim, batizar a obra com um
Nome que lhe desse vida…
E disse a Paracelso, Mestre:
A palavra pode ser afeto…
Ou pode ser solidão…
Ou pode ser piedade.
A pietá sem a palavra
Seria a “pietá?”
E no entanto
A imagem cria a palavra,
E a palavra procura a imagem,
E eis que a cria.
Então palavra, (ou verbo), e a imagem,
Ficam em continuidade.
Que dizer então do espírito,
Algo não matéria, algo
Não imagem, quando
Cria palavras arquitetas e
Que definem imagens?
Elas constroem imagens?
Talvez mais com pena
Do discípulo se perder
Nas incertezas e na sua confusão,
o Mestre disse apenas:
Não ouviste alguém dizer
Que o verbo se fez carne?

O Discípulo se quedou
Em conclusivo silencio…

Fabiano Mauro Ribeiro – verão 2012

Partilho com vocês, neste início de semana de lua cheia, este texto inspirado, que recebi de meu amigo Fabiano. Para meditarmos…
Grande abraço a todos
Ludmila

    

    Navegar é preciso…

    Sábado de vento forte e sol idem, na Praia do Cassino.
    Dia excelente para apreciar o céu coalhado de pipas e o mar de “voadores”.
    Kitesurf, kiteboarding ou mesmo flysurf é lindo de se ver, e…deve ser delicioso de praticar!
    Sérgio, meu filho que mora em Olinda, voa de paraglider, ou parapente. Atira-se das montanhas ao sabor do vento. Aqui, no litoral de Rio Grande, montanhas são apenas lembranças, e outro tipo de vôos são praticados: sobre as águas do oceano Atlântico.
    O tempo muda ao sabor do vento. Sol e chuva se alternam. O céu fica ora azul, ora carregado de nuvens. O vento é tanto que, por pouco não me leva para o mar… Navegar é preciso! Voar…também!
    Fotos para vocês.

    (Esta foto sofreu interferências de meu querido amigo João Bosco Costa, que a intitulou: “Meninas são assim”! Bosco, para mim Boscovsky, foi o artista que fez a capa para o meu livro Te Sei.
    Obrigada, amigo, pelo presente raro!)

      

      Balancete literário

      Eu estava pensando em fazer uma relação dos títulos instigantes que li em 2011 para recomendar a vocês, mas achei mais interessante fotografar.
      A esses títulos devo acrescentar alguns que li e ficaram em Jacareí:
      Nem água nem lua de Osho
      O anjo e o resto de nós de Letícia Wierzchowski (adorei e comentei neste site)
      Marina de Carlos Ruiz Zafón (o mesmo autor de A sombra do vento) que adorei
      A menina dos Vagalumes de Rita Elisa Sêda e Sônia Gabriel, (pesquisa sobre a vida e obra da escritora valeparaibana Eugênia Sereno)
      Reli o Quando a casa dorme, de Dyrce Araújo para escrever o prefácio à segunda edição
      mais os livros de poesia:
      Íspoved (Confissão) de Anna Ahmatova, edição russa
      e Oráculos de maio de Adélia Prado
      Isso sem contar um livro do qual nunca me separo:
      Mulheres que correm com os lobos de Clarissa Pinkola Estés
      quem quiser ler o livro pela Net, aí vai o linc para acessar a obra em pdf
      http://veterinariosnodiva.com.br/books/MULHERES_QUE_CORREM_COM_OS_LOBOS.pdf

      Recomendo todos!
      (Ludmila)

        

        Um novo vizinho…

        Amigos, dia 2 de janeiro, um novo vizinho começou a arrumar sua casa para se mudar.
        Eu estava escrevendo um novo texto, quando ouvi um barulho ritmado, acompanhado por um tchirik, tchirik, tchirik, constante.
        Fui até a janela, abri a cortina e…tcharam!!!!!…consegui fotografá-lo para vocês, senão eu mesma não acreditaria!
        Foi a primeira vez que vi um pica pau…lógico, sem contar o dos desenhos animados!
        Seja bem vindo, amiguinho! Espero que goste da vizinhança tanto quanto eu! (Ludmila)

               

          A lendária e deliciosa Romã

          Aproxima-se a meia noite do dia 31 de dezembro e com ele as mil e uma simpatias: roupa branca, roupa íntima nova e amarela, lentilhas na ceia, pular sete ondas no mar, não comer nenhuma carne de ave, pois elas ciscam para trás, comer sete sementes de romã e guardá-las na carteira, entrar no ano com o pé direito…enfim…cada um de nós comemora a entrada do novo ano segunda suas crenças e tradições.
          Eu sempre comemorei a passagem do ano na praia, assistindo a fantástica queima de fogos em Copacabana, brindando com champanhe, levando flores e perfumes para ofertar à Iemanjá, pulando as sete ondas, com certeza, e, partilhando com amigos a romã e suas múltiplas sementes.
          Adoro romã. Acho linda sua história ligada às antigas tradições e à mitologia.

          A importância dessa fruta é milenar. Ela aparece nos textos bíblicos e está associada às paixões e à fecundidade. Os gregos consideravam-na como símbolo do amor e da fecundidade. A árvore da romã foi consagrada à deusa Afrodite, pois se acreditava em seus poderes afrodisíacos. Para os judeus, a romã é um símbolo religioso com profundo significado no ritual do ano novo.
          Quando os judeus chegaram à terra prometida, após abandonarem o Egito, os 12 espias que foram enviados para aquele lugar voltaram carregando romãs e outros frutos como amostras da fertilidade da terra que Jeová lhes prometera.
          Ela estava presente nos jardins do Rei Salomão. Foi cultivada na antiguidade pelos fenícios, gregos e egípcios. Em Roma, a romã era considerada nos cultos como símbolo de ordem, riqueza e fecundidade.
          Na Grécia, a romã era um atributo da deusa Hera e de Afrodite. Na Ásia, a semente aberta da romã expressava o desejo, quando não a própria vulva. Na índia, as mulheres bebiam o suco da romã para combater a esterilidade.

          Perséfone foi “coagida” a comer a doce semente de romã, que Hades astutamente lhe colocou na mão.
          É que esta semente, consagrando quem a come aos deuses infernais, simboliza também uma doçura “maléfica”. No contexto do mito, a semente de romã poderia significar que Perséfone deixou-se sucumbir pela sedução (e afinal, comeu por que bem quis), pois de certo não ignorava que “quebrar o jejum” era a grande lei do Hades. Quem quer que o fizesse, jamais regressaria ao mundo dos vivos.
          Os sacerdotes e sacerdotisas de Deméter, em Elêusis, coroavam-se com ramos da romãzeira, mas nenhum iniciado podia, em hipótese alguma, comer-lhe o fruto, porque, símbolo da fecundidade, possui a faculdade de fazer com que as almas “mergulhem no cárcere do corpo”.
          Perséfone, que antes do rapto era Coré, a “semente”, torna-se também estéril. Entretanto, o paradoxo é apenas aparente, pois a lei permanente do Hades, prevalece sobre o prazer efêmero de haver saboreado a “doçura” da romã.
          Entretanto, o mundo subterrâneo não é apenas o depósito dos “eidola” ou sombras dos mortos. Longe disso: escondidas nas profundezas da Terra estão as sementes por germinar, o que ainda é um símbolo de fecundidade… Perséfone tornou-se a Rainha do Hades e lhe conhece todos os caminhos por causa da romã que, neste caso, pode ser considerada um símbolo do Conhecimento Oculto. Talvez por isso, Giotto tenha retratado Dante, a segurar uma romã…

          Leitura Recomendada
          Brandão, J.S.; Mitologia Grega, 2a. Edição, Volumes I-III. Editora Vozes, Petrópolis, 1988. Campbell, J; Moyers, B; O Poder do Mito, 1a. Edição. Editora Palas Athena, São Paulo, 1990. Chevalier, J.; Gheerbrant, A.; Dicionário de Símbolos, 3a. Edição. José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1990

          O fato é que, debulhar uma romã é um exercício de encanto. Os grãos de vários tons de vermelho parecem pequenos rubis ou granadas que vão emergindo a tona da polpa macia à medida que nossos dedos buscam, delicadamente, por essas pequenas jóias suculentas.

          E, para finalizar, deixo aqui, de presente para vocês, uma receita que sempre faço para tomar na noite de passagem do ano. Experimentem! É pura delícia!

          Romã com Vinho do Porto

          Romã: 500 g (previamente separada em bagos)
          Vinho do Porto: 1 copo (200 ml)
          Água: 2 copos gelada (400 ml)
          Limão: 1 casca (casca de 1/4 limão)
          Açúcar: 100 g (branco ou mascavo)

          Modo de fazer:

          Limpar previamente as romãs, isto é, separar os gomos.
          Juntar as romãs com o açúcar e a casca de limão.
          Mexer com delicadeza, para não desfazer os gomos.
          Acrescentar o Vinho do Porto, e misturar.
          Juntar finalmente a água, bem gelada.
          Servir no máximo 4 horas após a confecção, mas, o ideal e servir em seguida.
          Tim Tim!
          (Ludmila)

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