De modelo a toda Terra…
Existe um tipo de amor que só quem nasce em terras rio-grandenses é capaz de compreender.
Um amor orgulhoso, aguerrido, verdadeiro, confundido pelo resto do mundo com arrogância.
Bairrista eu até concordo que sejamos mesmo, agora, não entendo como alguém pode chamar de arrogante, um povo que, para fazer amizades, só precisa de uma cuia de erva-mate e uma chaleira com água quente. Não conheço lugar mais democrático do que roda de chimarrão: todo mundo é bem-vindo, não importa a raça, o credo ou a classe social. E se tem coisa que deixa um gaúcho feliz – e digo isso por experiência própria – é quando, longe da querência amada, avistamos na multidão alguém carregando o mate. Ah! Aí as distâncias se encurtam, as diferenças desaparecem e, em pouco tempo, lá estamos, conversando sobre o pago como se fôssemos velhos compadres.Não somos arrogantes, somos diferentes. Temos uma língua própria, cheia de Bahs! Tchês! Tordilhos, cuscos, pingos, guascas, bolichos e baguais. Temos nossa cultura, nossa música e nossas danças. Não temos vergonha de vestir a pilcha e cantar o Hino Rio-Grandense, muitas vezes com mais orgulho do que cantamos o Hino Nacional.
Somos um povo tão consciente das nossas diferenças que lutamos durante dez anos pela causa separatista. Não tivemos sucesso, é verdade, mas a bravura e os ideais defendidos pelos nossos antepassados continuam vivos e pulsam nas veias da gauchada. Talvez por isso, quando chega setembro, o sentimento de amor pelo Rio Grande cresce, se agiganta e transborda. A gente tira a bota e a bombacha do armário, sela o pingo, ergue a bandeira e vai pra rua, comemorar não uma guerra perdida, mas uma batalha de amor à terra que nos enche de orgulho. E o gosto pela peleia se repete nos gramados. Gremistas e Colorados pintam o RS de azul e vermelho e dividem, com exclusividade, a preferência dos gaúchos. Aqui, Flamenguistas, São Paulinos e Corinthianos não se criam. Dia de Grenal é dia santo, vestir a camisa do adversário é pecado e torcer a favor do inimigo (mesmo que contra a Argentina) é crime sem perdão.
Ser gaúcho é ter alma campeira, respeitar os animais e a natureza. É amar os pampas e a serra, mas saber que lá na capital o Guaíba sempre nos espera com o pôr-do-sol mais romântico e que, logo ali, em Tramanda, o Atlântico nervoso e gelado está pronto para embalar nossos corações.
Não somos homens e mulheres, somos piás, guris e gurias, prendas e peões. Somos um povo guerreiro, bonito, valente e trabalhador. Podemos viajar o mundo todo, conhecer os lugares mais distantes e fantásticos, mas, como gaúchos que somos, sempre esperaremos pelo dia em que regressaremos a este que é o nosso rincão, a nossa casa.
Sim, antes que eu me esqueça, somos brasileiros também, mas isso é um mero detalhe.
Nascer, crescer e morrer gaúcho já é o bastante. (texto de Melissa Miotto)
A data de 20 de setembro (Revolução Farroupilha e Dia do Gaúcho) é comemorada com desfiles em todo o estado do RS.
Na cidade de Rio Grande, onde resido, a festa foi muito bonita e durou a manhã inteira, adentrando a tarde, num emocionante espetáculo de amor e orgulho por essa terra tão linda, que contagia a todos! Eu nunca vi um povo manter tão vivas as tradições e se orgulhar tanto de seu passado.
Eu estava pensando em escrever um texto para ilustrar as fotos que queria postar aqui, quando, em minha recente viagem de reconhecimento da Serra Gaúcha, minha atenção foi atraída por um texto afixado no mural do hotel em que ficamos, eu e Liv, na cidade de Nova Prata. Li e pensei:”Aí está o meu texto!” Por sorte, o e-mail da autora constava do impresso. Chegando em casa, eu lhe escrevi, pedindo permissão para publicá-lo no meu blog, e hoje o partilho com vocês.
Obrigada Melissa Miotto! Faço minhas, suas palavras. Viva os gaúchos, essas criaturas extraordinárias que, por sorte, habitam o Brasil! (Ludmila Saharovsky)
PS. O e-mail da cronista é: mel.miotto@gmail.com
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20 de setembro: Dia do Gaúcho
A Guerra dos Farrapos ocorreu no Rio Grande do Sul na época em que o Brasil era governado pelo Regente Feijó. Esta rebelião, gerada pelo descontentamento político, durou por uma década (de 1835 a 1845).
O estopim para esta rebelião foi a grande diferença de ideais entre dois partidos: um que apoiava os republicanos (os Liberais Exaltados) e outro que dava apoio aos conservadores (os Legalistas).
Em 1835 os rebeldes Liberais, liderados por Bento Gonçalves da Silva, apossaram-se de Porto Alegre, fazendo com que as forças imperiais fossem obrigadas a deixarem a região. Bento Gonçalves foi capturado e preso, durante um confronto ocorrido na ilha de Fanfa (no rio Jacuí).Os Liberais não se deixaram abater e sob nova liderança (de António Neto) obtiveram outras vitórias. Em novembro de 1836, os revolucionários proclamaram a República em Piratini e Bento Gonçalves, ainda preso, foi nomeado presidente. Somente em 1837, após fugir da prisão, é que Bento Gonçalves finalmente assumiu a presidência da República de Piratini.
Entretanto, no ano de 1842, o governo nomeou Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias) para colocar fim ao conflito. Apos três anos de batalha e várias derrotas, os “Farrapos” tiveram que aceitar a paz proposta por Duque de Caxias. Com isso, em 1845, a rebelião foi finalizada.
A data de 20 de setembro é muito comemorada pelos gaúchos em todo o Estado. Eles se vestem com seus trajes típicos e tomam as ruas das cidades, desfilando em grupos, com bandeiras, cavalos, carroças, numa festa que celebra as tradições. (Ludmila)
Todas as fotos foram tiradas por mim na cidade de Rio Grande, RS. durante o desfile do dia 20 de setembro pelas ruas centrais da cidade. Foi uma festa muito bonita de se ver e de se emocionar com tantos jovens, crianças e pessoas maduras exercendo a cidadania e se orgulhando de seu estado. Adoro os gaúchos! (Ludmila)