O ritual demandava cuidados minuciosos. A água da chuva, recolhida por dias, aguardava no balde recoberto por um pano de filó. A bacia, ariada múltiplas vezes, reluzia à luz do sol. Alcançado o volume preciso, à noite, céu refletido na bacia, ela podia, finalmente, tocar a lua com as próprias mãos. (Ludmila)Imagem Internet
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Pastaria
Há anos vivia observando a cortina que esvoaçava na janela aberta que lhe revelava um jardim que mal cabia em suas retinas. Abelhas, borboletas, mariposas, nuvens caminhando lentas, um raio de luz entre as avencas e folhas soltas pastando no gramado compunham o cenário. E o tempo, pastando nela. (Ludmila)
Foto de Manuel Ricardo Jurema
A menina e a boneca
A menina ganhou a boneca tão desejada. Presente de aniversário. Certa tarde, esqueceu-se dela na casinha armada entre os canteiros do jardim. Manhã seguinte, a boneca, coberta pela geada, perdeu a voz e o azul dos olhos de vidro enlagrimou-se. Choram, a menina e a boneca, no jardim, inconsoláveis. Na boneca, dá-se um jeito. Na dor da menina, não! (Ludmila)