Passou semanas tentando capturar vivas as raposas que lhe roubavam as galinhas no cercado atrás da casa.
Passou meses domesticando as lindas raposas douradas que conseguiu prender.
Hoje, elegante, surgiu com elas, relaxadas e mansas, aquecendo seu colo, no evento de proteção aos animais.
(Ludmila Saharovsky)
Arquivos da Categoria: contos mínimos
Conto Mínimo: Achados e perdidos
Entre a grama do jardim descobriu uma moeda, que guardou no bolso.
Entre as conchas da praia encontrou um anel, que vestiu no dedo.
Entre os papeis da escrivaninha localizou uma carta de amor, que reviveu lembranças.
Entre as lembranças do passado deparou com um suspiro, que, em vão, tentou devolver ao peito.
(Ludmila)
Conto mínimo: Um dia é da caça, outro…
No meio da galeria o homem observa, maravilhado, o quadro da grande caçada: cães farejando a mata, excitados cavaleiros montando garbosos animais, raios de sol infiltrando-se pela densa floresta. Mas…e a presa? Onde a presa? Toca a corneta, e eis que a sala é tomada pelo som dos latidos. Tiros começam a espocar em sua direção. Quando ele se dá conta, já não há saída. No assoalho da sala, o sangue escorre…
(Ludmila)
Conto mínimo: Filhotes
O filhote de Labrador com o qual presenteamos os garotos, animal dócil e obediente, submeteu-se durante meses ao treinamento:
” Em pé”!
“Sentado!”
“Junto!”!
Cão inteligente, disseste orgulhoso.
Hoje, ruídos incomuns despertaram-nos ao amanhecer. Às vistas do cão, deitado tranquilamente sobre o tapete do quarto, as crianças disputavam, rosnando, a posse do travesseiro.
(Ludmila)
Conto mínimo: À sua altura
Conto mínimo: Arco-iris
Conto mínimo: A coroa do rei
Era artesão desde que se lembrava e, desde que se lembrava, jamais recebera pedido tão inusitado.
Por mais que pensasse, por mais que pesquisasse, não conseguia chegar à uma conclusão: Que material utilizaria para confeccionar a coroa daquele rei, que vivia dentro da barriga de seu estranho cliente?
(Ludmila)
Conto mínimo: Eco
Conto mínimo: Desejo realizado
Ele abriu a estranha garrafa que veio em sua rede, e o gênio, que há milênios a habitava, finalmente, libertou-se.
“Pode formular seu pedido, Senhor! Estou aqui para realizá-lo”, falou o prodigioso ser .
“Quero a imortalidade” pediu, feliz, o homem.
Imediatamente o gênio colocou-o na minúscula garrafa e, comprimindo bem a rolha, atirou-a ao mar.
(Ludmila)