A bailarina rodopiou graciosa, pela centésima vez, Fur Elise, de Beethoven, sobre a laca negra do porta jóias. Quando a mão do jovem repetiu o gesto de dar corda, ela, suavemente, desmaiou.
(Ludmila)
Arquivos da Categoria: contos mínimos
Conto mínimo: Distração
Conto mínimo: Amor ígneo
Conto mínimo: Modos de olhar
Conto mínimo: Botões
Adorava conversar com seus botões:
O primeiro sempre lhe contava histórias sobre as diferentes roupas que já habitara.
O segundo era tímido, tão tímido, coitado! Custava a sair da casa!
O terceiro e o quarto eram Gêmeos. Nasceram do mesmo osso, com estranha ranhura na face, e não se desgrudavam.
Mas o último…Ah, o último, sempre que se abria…
(Ludmila Saharovsky)
Conto Mínimo: Era uma vez…
Conto mínimo traduzido: Hada
Todas las noches ella vestia sus ropas de hada y se dealizaba, leve, por los bosques de concreto y vidrio,
hasta encontrar el cuarto donde su amado dormia. Recitaba, entonces, bajito, las estrofas del encantamiento.
Transformada en brisa, se posaba suavemente en los recovecos de aquel cuerpo, durmiendose felíz. Entonces soñaba.
Soñaba que desnudaba sus ropas de hada…
(Ludmila Saharovsky)
tradução de Alicia Domínguez
Alicia, adorei ter esse meu conto mínimo vertido para o espanhol.
Obrigada! beijos! (Lud)
Conto mínimo: Transmutação
A transformação começou lenta.
Primeiro, pássaros vieram aninhar-se em seus cabelos.
Depois, os botões de seu vestido abriram-se numa profusão de delicadas flores.
Enraizaram os pés, firmes, no chão de terra fofa.
Hoje, ela se estende pelos parques, perfumada cerca-viva, ao sol das manhãs. (Ludmila Saharovsky)
Conto mínimo: Fantasias
Sonhou que era um possante corcel negro lutando contra dragões.
Sonhou que era a princesa flutuando no tapete voador.
Sonhou que era um pássaro de fogo, habitante das Mil e uma noites.
Sonhou…sonhou…sonhou como sempre fazia, enquanto o elevador a deixava no escritório do vigésimo andar
com seus baldes e espanadores para a faxina diária.
“Vamos logo com essa arrumação, princesa!” ouviu a voz do chefe ecoar ao longe, sem que a anelada carruagem se vislumbrasse no corredor! (Ludmila)