Sou homem: duro pouco…
e é enorme a noite.
Mas olho para cima:
as estrelas escrevem.
Sem entender compreendo:
Também sou escritura
e neste mesmo instante
alguém me soletra.
Octácvio Paz
Dizem os gaúchos, que é o por-do-sol mais lindo do mundo. Eu acredito!
O Guaíba é um grande lago (496 quilômetros quadrados) conforme informações d e nosso guia turístico, ao qual a cidade Porto Alegre está histórica e culturalmente ligada, desde a chegada dos primeiros casais açorianos até o atual desenvolvimento econômico da região.
Por quase toda a sua existência, foi considerado um rio, porém, há pouco mais de vinte anos, após criterioso estudo envolvendo técnicos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi classificado como um grande lago.Sua bacia hidrográfica abrange uma área de 85 950 quilômetros quadrados, equivalente a trinta por cento do território gaúcho. (Ludmila Saharovsky)
PS. As fotos foram retiradas da Internet e estão com os créditos inseridos nas imagens.
Para quem dispõe de pouco tempo para visitar Porto Alegre, uma excelente opção é utilizar a linha de ônibus turísticos panorâmicos que, em passeio monitorado de hora e meia oferecem um novo olhar sobre essa bela cidade. Porto Alegre orgulha-se por ser a única cidade do Brasil que possui uma árvore para cada habitante. Infelizmente choveu à tarde, assim não pudemos fazer o passeio programado pelas águas do Guaíba e apreciar o por-do-sol. Que coisa! Vou ter que voltar! (Ludmila)
Nosso Grupo do Teatro do Interior, em foto comemorando o sucesso do espetáculo Mundo Etéreo em S.José dos Campos.
Direção Geral Marilda Carvalho
Bailarina e Coreógrafa Cristiane Azevedo
Direção de Arte Malu Santiago
Fotos Adilson Machado
Frases sobre a leitura do espetáulo Ludmila Saharovsky
Iluminação Paulo Carvalho
Duração:46min.
Sucesso absoluto! Casa cheia!
Parabéns à toda a equipe!
Hoje, domingo de Páscoa, terminou a tradicional Festa do Mar que acontece todos os anos no Antigo Cais do Porto em Rio Grande.
Aproveitamos o lindo cenário e depois a Lua Cheia de um lado da Lagoa dos Patos, e o por do sol do outro.
Um cenário fantástico que, por aqui é o habitual…
Quando voltamos para casa, temos a Lagoa dos Patos nas duas margens da estrada, compondo o cenário: de um lado nasce a lua, e do outro o sol se põe. A gente não sabe pra que lado olhar, literalmente…
E, de repente, surge uma estrutura metálica incendiada pelo poente…
Era 1975, e a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes de Jacareí, lançou um concurso de crônicas, contos e poesias intitulado: A Cidade e o Rio, para o qual eu enviei este texto que acabou sendo o vencedor na categoria de crônicas.
Por conta dele eu recebi uma “Moção Congratulatória” da Câmara Municipal de Jacareí, naquele ano, e meu texto foi publicada com destaque nos jornais da cidade.
A partir de então, fui convidada para ser cronista no periódico O Combate, de meu saudoso amigo Toninho Lorena, onde permaneci escrevendo até seu encerramento, e que me deu visibilidade e rendeu convites para publicar em jornais e revistas da região do Vale do Paraíba.
Hoje, minha cidade comemora 360 anos. Assim, quase quatro décadas passadas, eu o publico novamente, pois faz parte de minha historia dentro da cidade que me acolheu e que me permitiu crescer e ser feliz.
As fotos que ilustram esse texto foram adquiridas durante minha gestão frente à presidência da Fundação Cultural de Jacareí, da coleção de Mir Cambusano e hoje fazem parte do acervo de documentos visuais do Arquivo Público Municipal.
Pra você, Jacarei, esta “A cidade e o rio”
Cidade, cidade, ci
É preciso que eu descubra uma forma de transpor para o papel o que me vai na alma.
Um processo novo que transforme a letra em vida, para que a crônica surja como a própria realidade.
E eu tento. Capturo o instante e o aprisiono e, suavemente, vou me introduzindo na essência das palavras, então, transcendendo os limites que o papel impõe, rompendo todas as barreiras surgem A cidade e o rio, misto de cônica, ensaio e poema, pois, que cântico maior pode existir do que o inspirado pela vida, em seu dia-a-dia?
Matéria prima composta pela junção da lógica e da emoção, meu tema é:
A cidade:
Ela estende-se na paisagem e desabrocha no silêncio.
Ouço-a dentro de mim e ao derredor – meu corpo inteiro imerso em seu, e em nós, o ritmo da essência pulsa com o sabor peculiar desse sentir abstrato.
Seu rosto tem mil faces e de suas entranhas surgem multidões de homens e mulheres (carregando?) carregados pelo forte instinto de sobreviver.
E eu vejo as placas nas esquinas com nomes dos que passaram, e vejo os largos, clubes, albergues, hospitais; a nova praça dos velhos poderes; as duas pontes sobre o eterno rio.
E observo o solar antigo de janelões enormes com largos corredores impregnados pelo aroma do tempo que passou. E entro nos espaços que pressinto para mim abertos, buscando neles a seqüência de ruídos para compor a melodia do amanhecer: passos, latidos, risos, buzinadas; rumor das fábricas, dos carros, do rápido das dez, que em trilhos corre e corta a cidade ao meio. E falas, gritos e frases soltas mesclam-se ao som inconfundível dos sinos da matriz. É a melodia eternamente inacabada, inabalável. A harmonia da desarmonia. A vida que se vive e se vê. E nela nascimentos e mortes se sucedem e vidas brotam qual flores em jardins, nem sempre bem cuidados: meus jardins/os seus.
Pergunto então: Até que ponto seus domínios me pertencem, se eu sou seu grito e ela meu silêncio e de gritos e silêncios somos ambas preenchidas? Se sua noite me acalenta e em seu novo dia eu me transformo? Se sou ator e ela o meu teatro?
Coexistimos. Vamos ambas crescendo e amadurecendo às margens de um rio.
O Rio
Do rio eu sigo o fluxo navegando águas nem sempre calmas por caminhos tortuosos. Enfrentando os ventos, as chuvas, as inundações.. Inserida em seu tempo e cenário. Nele ninguém me prende. Sou livre e me entrego e ele me recebe, sempre, como ao filho pródigo acolhe o pai.
Meu rio. Meu reinício. Meu rioinício.
E não é ele a grande veia que sustenta a vida?
Sua pujança espanta e quase dói. Dói como a busca de palavras certas para exprimir idéias pressentidas. Dói como o mistério da vida que em vão tento decifrar.
Minhas perguntas todas em suas águas estão lançadas. Difícil é decifrar suas respostas, embora eu sinta que nele se encontra a única verdade para mim.
O rio é meu segredo, que docemente eu guardo.
Eu, a cidade e o rio
Encerro a idéia, a crônica, o ensaio.
Termina a magia do momento aprisionado.
Fora encontra-se a realidade da vida, dos sinos, dos gestos, dos vários idiomas, do amor e desamor. E estão as angustias tão humanas, o nervosismo e a calma, e os monólogos e diálogos e todas as funções.
E permanecem rostos, praças, ruas, avenidas, buzinas, semáforos, postes e faróis. E estão as árvores que florescem e fenecem com pássaros e flores e cães e gatos vivendo nos quintais; e bancos de jardins e bancos de dinheiro, e morros e bicicletas sempre na contra mão. E permanecem os buracos, calçadas, bares, clubes, lojas e o Cinemão. E tem a JAM formando seus guardinhas e a banda e os coretos e os rojões. E o Combate, e o Diário e a nossa Radio Clube. A Prefeitura, o Fórum e as antenas/torres de Tv. E vivem engenheiros, advogados, médicos, poetas. Leões, Rotarianos e maçons. E também vivem meretrizes e pedintes, ladrões e operários. E estão a lua, o rio, as chuvas de janeiro, e o tráfego confuso, a poluição…
E permaneço eu também – meu nome se anuncia: Lu, simplesmente, como gostam de chamar.
Procuro, insistente, deixar um marco, o meu registro. Algo como se fosse: “Hei! Também estive aqui! Aqui vivi, compus, sonhei, cantei e vivo ainda.
Eu pássaro. Eu peixe. Eu flor e eu, também, às vezes gente. Eu, gente às vezes…
O resto não importa. Não passa de ilusão.
É noite. No silêncio do quarto ecoa seco, o ruído das teclas no papel, das frases rápidas que nascem e tingem com significados a folha em branco.
A madrugada se aproxima e eu me preparo. De novo sigo em busca do momento que torno a pressentir…e amanhece! E é isto, apenas, o que me vem da vida, do rio e da cidade: (da qual eu sinto, num vislumbre, todo o peso dos 323 anos que também vivi.) A vida que flui de mim a cada aurora.
De mim, Ludmila, nesta Jacareí.
(Ludmila Saharovsky em 1975)