Corpo d’água

4199939-1080p-digital-universe-hd-HD

O que posso fazer se me desejas terra?
Perdão se não possuo a solidez das rochas.
Perdão se não ostento a pele de carne e musgo
e nem o doce aroma dos narcisos.
Sou feita de água e ar. Turbulenta, abissal, salobra,
onde a lua banha suas faces e o sol desponta.
Esta sou eu: crio cardumes nas entranhas
e deflagro os naufrágios.
E te digo mais:
Tudo que é líquido é misterioso e fecundo
pois é a água que sustenta o mundo.

(Ludmila com imagem da Internet)

    

    Infinitos os caminhos para meus passos

    27336262_1768655529831468_8805075456729970049_n

    Infinitos os caminhos
    para meus passos:
    Ruas estreitas, morros, penhascos
    E lá o horizonte inatingível
    a acenar-me da Eternidade.
    Busco as alturas, a alma solta ao vento
    Alma falcão, alma gaivota em voo livre
    Sobre o interminável oceano/tempo.
    Alma desejo de tocar-te , oh mundo!
    Alma antiga a fecundar-te, oh corpo!
    Alma imortal, mas sempre adormecida
    sob a pedra do desejo
    da ilusão da vida.
    (Ludmila, em fevereiro de 2018, com ilustração da Internet)

         

      Quisera escrever-te um soneto

      poema liquefeito
      Quisera escrever-te um soneto
      mas me faltam rimas.
      Vestida de palavras
      penetro no silêncio
      que nas estrofes reina
      e, em meio às linhas
      surge teu nome
      liquefeito.
      Ele abre-se em mim
      flor de algodão e arpejos
      e o poema nasce, rutilante.
      Ele escorre feito mel e me alimenta.
      Só assim consigo concebê-lo:
      Em transe!

      (Ludmila)

        

        Ternura antiga

        corpo mulher

        Ternura antiga

        Eu te convido à minha casa. Entra!
        Pousa teu olhar sobre as videiras.
        Eu as plantei para saciar-te a sede.
        E o pão também é teu
        São teus o vinho e o lume.
        Para consagrar-te nao construi altares
        Só te falei numa linguagem pura
        E a essencia do amor selou o entendimento
        E teu corpo estremeceu dessa ternura.
        (Ludmila)

           

          Mar de dentro

          251509_224725037538297_1174021_n
          Eu era o mar por onde navegavas: cintilação, estrela, nuvem, alga, quimera, feixe de luz, barco de espuma, bruma.
          Teu corpo envolto por um sopro azul flutuava no itinerário lento das marés. E um manto de escamas o recobria.
          E havia dunas e aves que sonhavam ultrapassar a inatingível linha do horizonte.
          E havia o vento que varria as nuvens, que encrespava as ondas, que levantava a areia, que me dilacerava as entranhas.
          Em ti dançava o sal das águas e em mim o medo cego dos naufrágios. (Ludmila)

            

            Setembro avança

            primavera-4
            Setembro abre sua cauda de flores e aromas e se deita no colo dos dias. E eu, sonhando já com frutos e sementes deixo que ecoe, pleno em mim, seu nome: Primavera.
            Os jasmins desabrocham perfumando corpos, e os manacás, e as tímidas violetas. A alegria chega pelo ar e coroa campos e montanhas.
            O Vale se enche de um amor antigo, enquanto o céu pasta no rio com seu rebanho de nuvens. A natureza alarga seus braços e nos envolve cheia de promessas.Quem dera fôssemos o mel da vida! (Ludmila)

            Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...