Sinos e estrelas
Reis e oferendas
e o menino dorme entre os animais.
(Ludmila)
Hoje, enfeita essa página o poema de minha amiga Valeria Tarelho, mulher inspirada, poeta cintilante, que reside, atualmente, em São José dos Campos. Abaixo, o endereços onde vocês poderão encontrá-la e mergulhar em seus escritos.
Valéria Tarelho, Santos/SP (1962), residente em São José dos Campos/SP, separou-se da advocacia devido a um caso com a poesia. Seus primeiros escritos datam de abril de 2002.
Blog oficial: textura – valeriatarelho.blogspot.com
Na pele seda
Teço o dia a dia.
É frágil
A linha da vida.
(Dyrce Araújo)
Essa minha amiga acrússia (ela do Acre, eu da Rússia) de muitas primaveras, outonos e invernos, (literal e metaforicamente falando) tem o dom de dizer muito, com palavras essenciais. Suas poesias, belíssimas, e os contos amargos, que ainda reluta em publicar, são um prazer para todos que se alimentam com a magia da palavra. Ave, Dyrce! Que a Deusa Branca sempre te inspire, para nosso deleite! (Ludmila)
“E não esqueçamos nunca a melancolia, o gasto sentimentalismo, perfeitos frutos impuros de maravilhosa qualidade esquecida, deixados atrás pelo frenético livresco; a luz da lua, o cisne ao anoitecer, “coração meu” são sem dúvida o poético elementar e imprescindível. Quem foge do mau gosto cai no gelo.” ( Pablo Neruda de Una poesía sin pureza)
A submissão da pedra me comove.
Digo PEDRA e a lava, o cristal, a rocha revelam-se em mim,
nos órgãos, ossos, pele, na retina.
E o sêmen ígneo forja grutas, dolmens e falésias,
por entre espasmos da água e do vento.
A pedra em mim e eu, para sempre,
inscrita em seus veios:
fóssil humano impresso na face oculta do poema.
(Ludmila S.)
Alguns haicais
Sol na memória
O rosto do mestre
Ilumina a sala.
No caderno antigo
O visto vermelho
tatua a infância.
Cercada de branco
A primeira palavra
E o mestre, nela.
Sobre o quadro negro
Sua letra materializa
a magia do verbo.
Duas vezes dois
e a equação da infância
resolve-se por inteiro.
(Ludmila S.)
Ardilosas, as canções de amor
penetram em minhas veias.
Elas me aliciam às suas águas turbulentas.
Liras ressoam rasgando o nevoeiro
e seu ritmo compassado desperta as Quimeras.
Há sempre uma promessa de êxtase nesse canto
que não se realiza.
A paixão é uma ilusão de ardores
sobre a carne em transe. E de açoites.
(Ludmila S.)