Não tinha mais jeito. Ela sobrava em casa.
Desde que a máquina chegou, que o marido, que os filhos, que os amigos viviam hipnotizados.
Emitindo estranhos sons e luzes o instrumento resolvia tudo: a conta bancária, as compras da semana, os deveres de escola, as horas de lazer e de prazer. Sua intimidade com o circuito foi surgindo lenta. Primeiro a rotina do pó, retirado a cada dia, depois, o suave toque nas teclas, a abertura de janelas e o diálogo estabeleceu-se, embora em língua estranha. Íntimas tornaram-se nas tardes vazias, tão íntimas que, um dia, chegando a família em casa e dirigindo-se diretamente à sala do computador, botões ligados, a mãe sorriu-lhes feliz, de dentro da tela. (Ludmila)
Conto Mínimo: Modernidade
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