A arte de perder, E.Bishop


A arte de perder não é nenhum mistério;
tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.

Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.

Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Perdi duas cidades lindas. E um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
tenho saudade deles. Mas não é nada sério.

— Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério.

(BISHOP, Elizabeth. O iceberg imaginário e outros poemas. Tradução de Paulo Henrique Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 309

Hoje, com muito vento e uma chuva fria aqui em Rio Grande, nada melhor a fazer do que entregar-se à leitura, à moda russa, com uma bela chícara de chá! E Elizabeth Bishop é uma companhia e tanto! (Lud)
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    Verão, de Giusepe Arcimboldo


    Ainda, falando sobre culinária, vocês sabiam que appetitus ( do latim) significa desejo ardente?
    Pois então…creio que a intenção oculta de todo o ser que cozinha não é, em verdade, unicamente, saciar a fome. Há algo a mais, implícito na arte de cozinhar. Não seria, também, despertar esse desejo ardente em nós, por algo que nos deleita? Concordam? Assim, não nos causa estranheza alguma que Giusepe Arcimboldo (pintor italiano nascido em Milão em 1527 e falecido em Praga em 1593) pintasse seus retratos utilizando frutas, legumes, peixes, aves, folhas, flores, como referência para as composições únicas que fazia. Afinal, somos ou não somos aquilo que comemos? Fico pensando se ele criasse portraits em nosso século…Vocês já se visualizaram compostos a partir de linguiças, salsichas, hamburgeres, batatas fritas,torresmos e tanta porcaria que ingerimos, fabricadas em alta escala, sem qualquer liturgia? Ficaríamos todos, logo, sem o menor appetitus! Como em tudo na vida, há necessidade de magia também no ato de cozinhar!(Ludmila)

      

      Ode à cozinha!



      Depois do jardim, a parte da casa onde adoro passar meu tempo é na cozinha.
      Vocês concordam que esse é o lugar mais estratégico de um lar? A sala é para, digamos, encontros formais. Você recebe alguém com quem tem pouca intimidade, e logo vai lhe “fazer sala”.
      Já os amigos, com eles não é preciso cerimônia. E aonde eles vão? Ah…Vão logo para a cozinha, se achegando, sentando-se em volta da mesa, o cafezinho logo se anuncia pelo aroma, o pote de torradas aparece junto à geléia de amoras e o que mais estiver alí, à mão, para emoldurar o papo, não é mesmo?
      Dizem que se conhece a mulher pelo que ela carrega na bolsa. Também! Mas eu posso lhes garantir, com certeza, que é pela cozinha que se entende a alma que habita determinada casa.
      Eu tenho uma grande amiga que não tem tempo nem para cozinhar um ovo, mas, a sua cozinha é algo glorioso. Em cada viagem que faz, ela fica horas escolhendo frigideiras, panelas de cobre, potes de condimentos, jogos americanos, talheres. Chega em casa, vai direto à cozinha, arranjar tudo. Coloca flores na mesa, a melhor louça, abre uma boa garrafa de vinho, e, cenário montado, senta-se feliz, comendo um chop suey encomendado no delivery.”Ah! qualquer comida tem um sabor inigualável, se a cozinha encher os olhos” ela diz! E tem razão!
      Nossa cozinha é nosso laboratório de alquimia, nossa caverna ancestral repleta de iguarias, nosso jardim do Éden
      A gente começa a comer com o olfato, com os olhos…depois, e por último, vem a boca e comunga, consumando o ato litúrgico, que é cozinhar!
      Cozinhar é como compor uma melodia, escrever um poema, abrir a alma para o belo que se realiza através de nossas mãos. Nutrir alguém, e a nós mesmos, é um ritual, é uma arte! Uma arte que o outro consome. Arte que, literalmente, nos dá prazer! Ah! Quanto deleite existe em se saborear um frango com quiabo, um penne ao funghi, uma pizza de berinjela ou uma simples canja de galinha com uma pitada de noz moscada (já experimentaram?) como está descrito em nosso diário secreto, nossa bíblia culinária, aquele grosso caderno de capa dura que herdamos de nossas avós e guardamos feito tesouro raro.
      Mas, nesse nosso laboratório de alquimia, olhando para tantas frutas, legumes, utensílios e condimentos, a palavra também se processa, e a poesia nasce.
      Tenho a certeza absoluta de que Paulo Neruda escreveu sua “Ode à cebola” sentado à mesa terapêutica da cozinha de seu lar. Em que outro lugar poderiam ter saído versos inspirados como este: “Cebola,luminosa redoma, pétala a pétala formou-se a tua formosura,
      escamas de cristal te acrescentaram e no segredo da terra sombria arredondou-se o teu ventre de orvalho.” Eu nunca mais consegui olhar para um cebola sem me remeter à flor de suas pétalas.
      Vinícius de Morais, nosso poeta mais querido, não nos ensinou que para viver um grande amor é preciso saber conquistá-lo também pelo estômago? “Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor…Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor.
      E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?”
      Pois então…quem sou eu para discordar…
      Vamos lá, amigas e amigos! Vamos à cozinha, nem que seja para voltar momentâneamente à nossa infância, revendo a mãe preparar aquele mingau de maizena que apascentava todas as nossas angústias, e nos deixava sorrir com o estômago? (Ludmila Saharovsky, crônica publicada no Jornal O Vale. São José dos Campos)

          

        Ilha dos Marinheiros 2 – Rio Grande


        Nós aproveitamos e demos uma paradinha para degustar a famosa jurupiga, feita nos moldes da tradicional bebida portuguesa, pelo Sr. Hermes. Resultado: Não resistimos e compramos algumas garrafas para nos deliciarmos em casa!
        A Ilha, a maior da Lagoa dos Patos, fica a aproximadamente 12 km do bairro onde moramos, seguindo por uma estrada pitoresca, de chão batido, bem conservada. Há duas lanchonetes (comemos um a porção de camarão frito, delicioso!) um camping, um parque lindo, muitas casas de madeira coloridas com hortas na beira da estrada, em meio às dunas. Um passeio que valeu a pena, com certeza, como vocês poderão conferir pelas fotos que tirei. (Ludmila)

          

          Ilha dos Marinheiros – Rio Grande





          Passeio à Ilha dos Marinheiros
          Hoje, armei-me com a minha “possante” Sony digital, e fomos, eu mais o Liv, conhecer a Ilha dos Marinheiros, que é considerada um patrimônio da cidade de Rio Grande pela preservação de valores, herdados da cultura portuguesa, que colonizou o local.
          Sua importância se inicia desde os primórdios da fundação da cidade de Rio Grande, quando forneceu água, lenha e madeira para as fortificações e para os colonizadores da Vila do Rio Grande de São Pedro. Atualmente é responsável por mais ou menos 80% da produção de hortaliças consumidas em Rio Grande.
          Em 1845 a Ilha recebeu o imperador D. Pedro II junto com a imperatriz D. Tereza Cristina e importante comitiva.
          Nessa época vivia na Ilha o Barão de Vila Isabel, que construiu na Marambaia o Solar de Vila Isabel, em homenagem a sua esposa, Isabel Eufrásia de Oliveira. O sobrado foi a mais bela construção já feita na Ilha. Era todo decorado com azulejos portugueses pintados à mão. As matas da ilha serviram de proteção por mais de dez anos ao “Quilombo do Negro Lucas”.A Ilha dos Marinheiros também se orgulha de ser o primeiro local do Estado ou até do Brasil,a produzir vinho artesanal. (Ludmila)

            

            Bailarina (Helenita Scherma)


            Recebi de minha amiga, a poeta jacareiense Helenita Scherma, esse postal poema que partilho com vocês.
            Helenita, dona de uma sensibilidade e talento ímpares, pertence à Academia Jacareiense de Letras e tem vários poemas publicados em importantes coletâneas nacionais. Ela lançou, recentemente, seu primeiro livro solo: “Canção do Sonho Acabado” Vale a pena conferir seu trabalho no blog: www.cancaodosonhoacabado.blogspot.com
            Um beijo, Helenita, e obrigada por esse presente tão especial! (Ludmila)

              

              Lagoa dos Patos, Rio Grande 2




              Hoje à tarde, peguei minha máquina fotográfica e saí para registrar para vocês as imagens da Lagoa dos Patos, que termina aqui na cidade de Rio Grande, no antigo bairro do Matadouro. A lagoa é deslumbrante ao entardecer, com sua profusão de luzes e cores.Um espetáculo para os olhos!

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