Odayá, Mãe Yemanjá!






Mãe Yemanjá, Rainha do mar. Sincretizada com Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora dos Navegantes, é a grande Mãe de toda vida na Terra. As cerimônias em sua homenagem são comumente feitas à beira-mar. As oferendas podem ser feitas na areia ou colocadas em um barquinho que é solto após passar (pular) por 7 ondas. Suas cores são o azul claro e branco, sua bebida é a sidra espumante, a champanhe. A mais tradicional Festa de Yemanjá acontece em Salvador, capital da Bahia, na praia do Rio Vermelho todo dia 2 de Fevereiro. Na mesma data, ela também é cultuada em diversas outras praias brasileiras, onde lhe são ofertadas velas, flores, espelhos, perfumes, colares e bebidas. Na verdade as homenagens que lhe são prestadas começam logo após o Natal e se estendem por todo mês de janeiro do ano seguinte em todo Brasil. Na praia de Copacabana as comemorações de Yemanjá marcam a passagem de ano e podem ser vistas também por toda orla marítima do Rio de Janeiro.Yemanjá, cujo nome deriva de Yeye oman ejá, “Mãe cujos filhos são peixes”, é o Orixá dos Egbás, uma nação yorubá estabelecida outrora na região onde passa o rio Yemanjá, e obrigada a emigrar para o oeste, por causa da guerra entre nações.
Na Mitologia Yoruba, a dona do mar é Olokun que é mãe de Yemanjá, ambas de origem Egbá.Quando Obatalá e Odudua se casaram, tiveram dois filhos: Iemanjá (o mar) e Aganju (a terra). Os irmãos se casaram e tiveram um filho, Orungã (o ar). Quando cresceu, Orungã se apaixonou pela mãe. Um dia, aproveitando a ausência do pai, tentou violentá-la. Iemanjá conseguiu escapar e fugiu pelos campos. Quando Orungã já a alcançava, ela caiu ao chão e morreu. Então seu corpo começou a crescer até que seus seios se romperam e deles saíram dois grandes rios, que formaram os mares; e do ventre saíram os Orixás que governam as 16 direcões do mundo: Exu, Ogum, Xangô, Iansã, Ossain, Oxossi, Obá, Oxum, Dadá, Olocum, Oloxá, Okô, Okê, Ajê Xalugá, Orum e Oxú.(Ludmila Saharovsky)

    

    Novos Desenredos

    Historia de ninar gente grande

    Diariamente observava a mulher, de sua solitária ilha, o nascer do sol. E o dia caminhava sem sobressaltos.
    Mas à noite…Ah…. à noite, quando o Cruzeiro do Sul pontuava com sua geometria luminosa o céu tinto de negro, ela abria suas longas asas e voava para a outra margem. Ia velar o sono de seu amado, que, sem testemunhas oculares, acordava plenamente convencido daquela anunciação.
    (Ludmila Saharovsky)

      

      Ilha de Jaguanum, Mangaratiba





      Localizada próxima ao distrito de Itacuruçá, a Ilha de Jaguanum faz parte das chamadas Ilhas Tropicais do município de Mangaratiba. Sua área é propícia à pesca, aos banhos de mar, à prática de esportes náuticos e também ao ecoturismo. Viajamos junto à cardumes de golfinhos, brincamos na tiroleza molhada, tomamos um excelente banho de mar. Delícia de passeio!(Ludmila)

            

        Tempo…Ah! O tempo!


        (Crônica publicada na primeira edição da revista “Absollut”, novo empreendimento editorial de Benny Lima para São José dos Campos)

        Mais uma vez reinicia-se um ciclo: Teremos 365 dias, para viver nossos sonhos, esperanças, alegrias e desilusões. Mas, como entende e interage o homem com essa dimensão, sobre a qual não tem qualquer controle?

        Os gregos da antiguidade possuíam três palavras para designar tempo: Aion, Kronos e Kairós. Aion referia-se àquele período incomensurável, desmedido, o tempo divino, que existe desde que a vida começou. Diante dele, tomamos consciência de nossa pequenez e fragilidade. Somos uma nanoscópica partícula compondo o imenso Mar da Vida! Esse tempo nos exige, no mínimo, humildade e reflexão. Não há como cultivar nele, qualquer tipo de ego, muito menos, o exacerbado, que, em nossa total ignorância nos torna centros do universo. Que Universo?

        Já Kairós é aquele instante dentro do tempo em que somos presenteados com oportunidades únicas que, se não estivermos atentos, antenados, sintonizados na frequência exata, deixamos passar para o nunca mais: Uma estrela cadente e a esperança de conseguir o desejo formulado, um feixe de luz entre as samambaias que se reflete em nossa alma, a inspiração para um poema que nos toca e se esvai, a visualização da cauda do cometa que só retornará no próximo milênio…

        E chegamos a Kronos, o tempo devorador, o tempo abrupto, datado, escasso, cruel, que passa e nos arrasta atrás de si. Ele nos governa com suas horas, minutos e segundos que nos empurram, sem cessar, para o capítulo final de nossa existência humana. A cada ano, nós festejamos Kronos. Ele vem sempre, metaforicamente, travestido de criança feliz, cheia de vida e de energia, e sai de cena como o ancião de longas barbas brancas apoiado em seu cajado, carregando consigo, apenas, as lembranças do que viveu. E essa imagem, tão rica em significados, passa por nós, à deriva, a cada final de ciclo de 365 dias: Tempo em que a terra completa uma volta inteira em torno do sol. Tempo em que acontecem as quatro estações completas, fora e dentro de nós. Tempo de semeaduras e de colheitas. Tempo de enchentes e de estiagens. Tempo de viver a nossa própria medida de acertos e erros com responsabilidade e energias renovadas. Afinal, o que é Kronos, frente à magnitude e exuberância de Aion?

        Treinemos, pois, a felicidade em 2011. Ela é a única medida que vale todo o nosso esforço!
        (Ludmila Saharovsky – crônica publicada na Revista Absollut em dezembro de 2010)

           

          Nativitas


          Natividade (óleo sobre tela de Antonio Gomide, 1962)

          Nativitas

          É só pensar em Natal, e nossa mente submerge num atoleiro de jingombells, hohohos, crediários que nos aliciam a comprar o que não nos fará falta, mensagens repletas de sininhos, anjinhos, paisagens nevadas, renas, papais-noéis, etc e tal! Isso misturado a anúncios de panetone, champagne, peru, tender, castanhas, amêndoas, nozes, uvas e mais, e mais e mais areia movediça de onde é difícil escapar!
          Finalizamos o ano nos esfalfando em comemorações.
          Mas, a bem da verdade, comemoramos o que?
          Comemorar significa “trazer de novo à memória”. Rememorar. Recordar.
          Trazer à memória o que nos foi caro, o que nos foi importante, o que nos deu prazer, o que nos marcou a existência, o que nos fez bem à alma, o que nos aproximou do Sagrado.
          A palavra comemorar me remete sempre à imagem de degustar com a memória. Trazer à lembrança aquele lugar especial, aquelas pessoas queridas, um sentimento, uma época da vida, algo que não existe mais no presente, mas pode ser fisgado lá do passado e trazido até mim. É desse substrato que minha alma se alimenta, aquieta a mente, fortalece o corpo.
          Creio que cada um de nós possui o seu substrato particular, que, tenho a certeza, passa ao largo desse natal anunciado pelas mídias, cantado em alto falantes, apregoado em ofertas dos hiper-mercados, ancorado em insanos congestionamentos à volta dos shoppings desse nosso planeta cada vez mais agitado!
          Vou partilhar com vocês o que minha memória ama, comemora, e ressuscita a cada Natal: A casa quieta, o cipreste natural emitindo seu aroma de clorofila pela sala, o lampadário tremulando sua chama frente ao ícone de Virgem de Kiev (Ela, a deusa, o lado feminino da Trindade, que permitiu que em seu ventre o Espírito de Luz ganhasse a carne), o avô retocando os últimos enfeites da árvore, a avó tomando seu chá e relendo as receitas tradicionais que logo seriam confeccionadas, a mãe passando nossas roupas de domingo para a missa, o pai separando as partituras dos hinos sacros que o coral da igreja iria cantar, sob sua regência. Eu, sentada no tapete, bem ao lado do meu cão Juk, seguia com os olhos todos os preparativos, sentia um calor gostoso dentro do meu peito e agradecia ao Menino por nos proporcionar dias tão mágicos e felizes! A vida era mais calma, os apelos publicitários mais discretos, os presentes mais desejados, a família mais reunida e o espírito natalino, permeando de fé e amor nossa existência, quase se materializava naquela casa.
          Vamos lá! Nesse Natal, convido cada um de vocês a mergulhar fundo nessa comemoração tão particular e única, vivenciando a bem-aventurança de presentear a alma com suas lembranças mais caras e preciosas.
          Feliz Natal!
          (Ludmila Saharovsky, crônica publicada no caderno Vale Viver do Jornal O Vale de 18 de dezembro de 2010)

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