permita-se
tão pouco peço a você que me permeia o verso.
pernoite.
se não possui o endereço, seja sua sombra impressa
em cada sílaba.
moro em uma frase mal construída, mas ofereço
fibra no alimento [desa] linho no leito. te dou meu teto.
um interior aberto, para que você preencha.
seja presença. mansa. imensa.
caso o medo me impeça de abrir a porta, persista.
saiba: não resisto a um argumento de fazer chover por dentro.
tente outra vez. insista em gotas,
e, quando dentro, deite sua voz ao pé do ouvido.
venha [in] vento, procedendo as águas que irão moldar relevos.
perceba, eu te reclamo há tempos.
e te recebo há tanto nesses poemas piegas. isentos de segredos.
Valéria Tarelho: “Chuvessência” da série: cartas para quem não há.
Tão lindos esses escritos de Valéria! Gosto demais, por isso partilho com vocês! (Ludmila)