Uma vez por dia, religiosamente, ela levantava-se do confortável sofá e apanhava, da estante, uma caixa entalhada em cedro, repleta de pequenos orifícios.
Cuidadosamente, retirava dali a víbora, que a picava sempre no dedo indicador, sem deixar vestígios. Entregava-se então ao prazeiroso torpor daquele veneno, administrado em doses homeopáticas, que promovia nela, tenues transformações.
Deu-se por satisfeita no dia em que, ouvindo as costumeiras reclamações do companheiro, exibiu toda a sua impaciência, chacoalhando, irritada, os sonoros gisos que se lhe afloraram na ponta dos dedos. (Ludmila)
Belo conto … assustador guiso no seu poder!
Quem sinaliza…amigo é!
Beijos, querido!