Tempo Submerso em SJCampos

Pessoas queridas!
Amanhã estarei em São José dos Campos, para o coquetel de lançamento do Tempo Submerso em São José dos Campos, na sede de minha Netebooks Editora, à Av. Barão do Rio Branco, 284.
Hoje, recebi de presente uma seção de fotos com o fotógrafo Lucas Lacaz Ruiz, nesta casa linda onde estarei aguardando por seu abraço. Até lá, fiquem com mais um capítulo de meu Tempo Submerso. (Ludmila)

O mito de Sísifo

“Mitos são feitos para a imaginação soprar vida neles”
(Albert Camus)

Na literatura grega, Sísifo, foi condenado pelos deuses a realizar um trabalho inútil e sem esperança por toda a eternidade: empurrar sem descanso uma enorme pedra até o alto de uma montanha de onde ela rolava encosta abaixo para que este herói mitológico descesse até o sopé e a empurrasse novamente até o alto, indefinidamente, numa repetição monótona e interminável do mesmo trabalho através dos tempos. Por algum motivo, os deuses imaginaram quem não haveria castigo pior para puni-lo que o trabalho inútil e sem esperança.
Tomar consciência do caráter insensato dessa punição, da inutilidade de tanto sofrimento e cumpri-la é descobrir o absurdo da condição humana. Por que somos condenados? Por quem? Em razão de que crime?
Como viver depois de ter consciência de que se está condenado a empurrar uma pedra montanha acima sabendo que ela tornará a cair?

Em Solovky, tal e qual no anátema de Sísifo, que os guardas aplicaram instintivamente, também os prisioneiros eram obrigados a transportar de um lado para outro, imensos blocos de pedras, e depois, devolve-los ao mesmo lugar. Eram forçados ainda a carregar pesados troncos de madeira, ou, em outra versão para o mesmo castigo, levar e trazer, incessantemente, tambores de água. Era um trabalho insano, sem qualquer justificativa ou utilidade prática. Aqueles que fraquejavam ou tentavam argumentar contra, eram sumariamente fuzilados.

No inverno, aleatoriamente, costumava-se deixar os presos amarrados nus às pedras geladas e abandonados sob a chuva e as nevascas, para o deleite dos guardas que neles atiravam apenas para ferir e observar, de longe, o seu sofrimento.

No verão, eram atados aos troncos de árvores e expostos à nuvens de pernilongos que se banqueteavam em seus corpos, sem emitir um único gemido. Outra forma de sadismo disciplinar, muito difundida e relatada pelos que lograram escapar desse inferno, era colocar o “infrator” no centro de enormes formigueiros que se formam nas florestas e ficar observando sua lenta agonia.
Esses requintes de sadismo constituíam-se na ante-câmara do inferno, onde os condenados purgavam seus pecados. Pecados de terem nascido no lugar e no momento histórico errados. Pecados de não compartilharem da ideologia de seus algozes.
(Ludmila Saharovsky)

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    3 pensamentos sobre “Tempo Submerso em SJCampos

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