A menina e a boneca

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A menina ganhou a boneca tão desejada. Presente de aniversário. Certa tarde, esqueceu-se dela na casinha armada entre os canteiros do jardim. Manhã seguinte, a boneca, coberta pela geada, perdeu a voz e o azul dos olhos de vidro enlagrimou-se. Choram, a menina e a boneca, no jardim, inconsoláveis. Na boneca, dá-se um jeito. Na dor da menina, não! (Ludmila)

    

    Revelando São Paulo

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    Revelando São Paulo 2 bonecóes e cabeções do Zé Pereira

    Revelando São Paulo

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    Inscrições para o Revelando São Paulo 2015

    Acontece em São José dos Campos, no Parque da Cidade, entre os dias 9 e 12 de julho, a décima quarta edição do Revelando São Paulo de 2015. O projeto foi criado em 1996 pela Abaçaí Cultura e Arte, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo.

    Por meio de suas pesquisas e parceiros, este programa revela a importância da cultura imaterial, de saberes e fazeres de várias comunidades e pessoas da região, procurando contribuir com a sua manutenção e extroversão, envolvendo as diversas instâncias dos poderes públicos municipais e estadual, para que se garanta as condições necessárias à sua continuidade.

    A cada ano somos levados à uma festa de cores e sabores, num festival de cultura popular, onde entramos em contato com a produção artesanal de muitas cidades do estado, bem como com as suas tradições folclóricas e a rica culinária. Um programa sempre imperdível, que, a cada ano percorre as cidades do interior do Estado.

         

      Á noite, encontrei-me com o poema.

      silêncio
      Á noite encontrei-me com o poema.
      Ele dormia intocado no silêncio de minha língua
      com suas palavras permeadas de metáforas,
      antes de ser verbo e se fazer carne de minha carne
      e habitar as entrelinhas da matéria.
      Á noite encontrei-me com o poema. e antes que ele despertasse
      e preenchesse de letras rebuscadas a minha boca, preenchesse de
      água e fogo minhas entranhas e saísse feito dardo sonoro iludindo meus sentidos e dando vida a abstratos pensamentos, eu o sorvi, transformei-o em sopro, em alento, em suspiro, em saliva e o protegi de mim! Então a noite encheu-se de estrelas, a poesia surgiu das trevas e alimentou-se da calmaria do tempo, e expandiu-se livre, em seu calado e insondável mistério e habitou entre nós. (Ludmila)

        

        O idioma dos sonhos e das nuvens

        estrelas
        Este idioma com que falo às nuvens
        enquanto o sono me espreita e confunde as imagens com que colonizo os sonhos
        é língua estrangeira de reduzido uso.
        A ela respondem as ondas e os rochedos
        e algum pássaro noturno, se o chamo pelo primitivo nome.
        Então, abrem-se as portas do reino,
        o sono vence a batalha e me leva ao seu domínio:
        lá onde as estrelas surgem,
        lá onde os poemas nascem,
        lá onde o silêncio reina soberano,
        lá onde a vida forja novas contendas
        e me semeia de abismos.
        (Ludmila)