Maio: mês das noivas, mês das mães. Mês feminino em sua essência de sonhos, rituais, festas, presentes e mais presentes!
Penso em como as coisas mudam numa “velocidade estonteante”. Não, não vou censurar as festas nem falar de hábitos de consumo que, neste nosso nascente século XXI, interferem e se refletem até nos sentimentos. Eles também mudaram!
Hoje, a maioria das noivas entra na igreja como se entrasse num show. Seu show particular. Antes, ensaios, lista de padrinhos, lista de presentes, testes de cabelo e maquiagem, escolha de cardápios, de trilha musical para a festa que precisa ser, no mínimo, apoteótica, superlativa, inesquecível, sob os aplausos dos parentes e convidados. Mas, a vida não é uma festa permanente, e a promessa de “até que a morte os separe” precisa mudar urgentemente para “até que a vida a dois os separe”.
Pergunto então: mas o quê foi que deixamos ficar pelo caminho?
Creio que os casamentos ganharam em glamour, mas perderam em delicadeza, magia, intimidade, na qual o amor deveria ser o principal protagonista.
O mesmo ocorre com o dia das mães. São tantas as mensagens que falam de amor incondicional, tantas declarações pelo facebook, pelo WhatsApp, pelo twitter…que o sentimento se banaliza! Lojas comemoram o salto quântico nas vendas de presentes, floriculturas têm filas de espera, assim como os restaurantes onde as famílias, em peso, comemoram o dia dela: o dia da mãe!
Críticas? Nenhuma! Apenas a constatação de que vivemos novos tempos em que aprendemos a demonstrar o amor, não mais pelo sentimento em si, mas como exigem as regras ditadas pela mídia.
Pergunto de novo: Onde ficou a delicadeza de uma flor deixada junto à xícara de café, que surpreende e nos emociona em qualquer dia não marcado na folhinha? Onde o presente da simples presença, ali, curtindo o domingo sem qualquer compromisso, que não seja o de apenas estar junto, em harmonia, celebrando a grande dádiva de partilhar a vida junto a quem nos trouxe à vida?
Parece que a emoção, hoje em dia, vivenciada unicamente na intimidade, junto a quem amamos, já não nos basta mais. Urge escancará-la, partilhá-la com o mundo inteiro, anuncia-la nas redes sociais, sob os holofotes de um grande evento, como que para validá-la: “Mundo, veja como eu amo e celebro o amor!”
Ah! Que saudade desse tempo de pequenas afabilidades, invisíveis ao mundo, mas, ao mesmo tempo tão enternecedoras, trocadas de coração para coração, sem tantas testemunhas oculares. Um tempo que suaviza a alma, renova os votos, nos faz sentir vontade de voltar sempre à companhia amada, seja dos pais, seja dos companheiros, para revigorar os sentimentos e acreditar piamente que existe um tempo que “refaz o que desfez”.
É o que penso. Abraços a todos!
(Ludmila)
Crônica Publicada na revista Absollut
A intimidade é que mede o real valor … De tudo nesta vida !!!
ludmila
visitei seu blog, adorei o formato, as cores , as fotos , a diagramação e sobretudo a crônica Tempo de Delicadeza ,
parabéns , abraço forte
nelson Primi
Esta crônica fez-me lembrar Quintana:
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!